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Ataques à imprensa: terminou a trégua?
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Ataques à imprensa: terminou a trégua?

Tipo Opinião

Repercutiu pessimamente, nos meios democráticos, a nova agressão cometida pelo presidente Jair Bolsonaro contra a imprensa. Desta vez, o alvo foi um repórter do jornal O Globo que tentou ouvir sua opinião sobre a notícia de que haviam sido encontrados novos depósitos do ex-policial militar Fabrício Queiroz e a mulher deste, na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro. Agora somam R$ 89 mil e não mais apenas os R$ 40 mil justificados anteriormente por Bolsonaro como pagamento de um empréstimo feito a Queiroz. Diante da indagação do repórter, o presidente Bolsonaro respondeu: "A vontade é encher tua boca com uma porrada, tá?". E aí veio a justa e indignada reação das várias entidades representativas dos meios jornalísticos, em nota pública: "Um presidente ameaçar ou agredir fisicamente um jornalista é próprio de ditaduras, não de democracias" - denunciaram as entidades.

De fato, a relação do presidente Jair Bolsonaro com a imprensa sempre foi carregada de tensão, desde o início de seu mandato, pela dificuldade manifestada por ele de manter a postura requerida pelo cargo, quando confrontado com perguntas eventualmente incômodas. Assim transcorreu durante todo o primeiro ano da administração. Este ano não foi diferente: já em fevereiro Bolsonaro fez insinuações sexuais sobre a jornalista Patrícia Campos Mello, repórter da Folha de S. Paulo, ao comentar o depoimento, na CPI das Fake News (no Congresso Nacional) de um ex-funcionário da Yacows, uma agência de disparos de mensagens em massa por WhatsApp. A empresa - segundo a reportagem - foi contratada por empresários, ilegalmente, durante as eleições presidenciais de 2018, para denegrir candidaturas de concorrentes de Bolsonaro. A reportagem revelou fatos que teriam o potencial de anular o resultado do pleito.

"Ela queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim" - comentou Bolsonaro, sarcasticamente. Os protestos contra essa declaração transbordaram as fronteiras do País. No mesmo mês, o presidente "deu bananas" a jornalistas, depois de ver publicadas declarações suas desfavoráveis a portadores de HIV; em maio, mandou repórteres calarem a boca após ser questionado sobre mudanças no comando da Polícia Federal. Dias depois, diante da escalada de agressões verbais de seus apoiadores, na porta do Palácio da Alvorada, veículos de comunicação deixaram a cobertura no local até que a segurança dos profissionais fosse garantida.

Depois da escalada contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), veio um período de trégua e silêncio, atribuído por muitos à prisão de Queiroz. O novo repique de guerra contra o ofício de informar (visto no domingo último), parece indicar que Bolsonaro já cansou do figurino de chefe de Estado e de governo civilizado, recomendado por aliados. E agora? 

 

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