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Tipo Opinião

O Rio de Janeiro é, sem dúvidas, um dos locais mais bonitos do planeta. Entretanto, ao mesmo tempo em que foi abençoado pela natureza, parece ter sofrido uma "maldição" quando o assunto é gestão pública. A afirmação não vem por acaso, afinal, todos os governadores eleitos que ainda estão vivos foram presos ou afastados de seus cargos. A suspensão do mandato de Wilson Witzel (PSC) por seis meses, após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), aprofunda essa negativa e lamentável estatística. Antes dele, formavam uma lista para lá de suja Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão, Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho e Moreira Franco. Verdadeira tragédia política cujos efeitos são sentidos diretamente na vida da população fluminense, que há décadas enfrenta crises de ordem administrativa, econômica e social. Desmandos rotineiros que custam vidas.

A situação se agrava diante do atual contexto. Casos de corrupção já são inadmissíveis por si só. Agora imagine quando os desvios de recursos se dão em plena pandemia, como apontam as investigações da Procuradoria Geral da República (PGR). Dinheiro que deveria ir para o combate aos efeitos do novo coronavírus, parando nos bolsos de figuras inescrupulosas, incapazes de se sensibilizar diante das milhares de vítimas da doença.

Tudo fica ainda mais inacreditável quando lembramos das circunstâncias em que Witzel foi eleito. Um ex-juiz linha dura, com discurso salvacionista, que tinha como principal plataforma de governo o combate aos crimes contra o erário estatal, e que agora é acusado de comandar uma organização criminosa que agiria por meio de lavagem de dinheiro, utilizando o escritório de advocacia da esposa Helena Witzel.

Mais uma infeliz coincidência a manchar a história do Palácio da Guanabara: Sérgio Cabral, condenado a quase 300 anos de prisão, também usou a mulher Adriana Ancelmo para mascarar seus esquemas. O governador afastado, claro, não pode ser condenado por antecipação. Tem direito à ampla defesa e terá muito tempo para isso. Mas também não se pode negar que os indícios de malversação de verbas públicas são fortíssimos.

O cenário é de terra arrasada e de difícil superação em curto e médio prazos. A sucessão de escândalos e a consequente bagunça institucional minam a confiança do eleitor na política e abrem mais espaço para o surgimento de poderes paralelos. Algo, aliás, bem comum no Rio. Com a ausência do Estado, surgem os territórios sem lei, disputados por traficantes e milicianos. A violência aumenta, as desigualdades sociais se agravam, o que exigirá das autoridades esforço redobrado. Será necessária muita perseverança por parte dos moradores nesse novo momento de angústia que parece repetir o passado. Para romper essa sina, não há outra saída: engajamento e participação. Só o povo que realmente ama o Rio poderá salvá-lo da total destruição. 

 

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