O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O Brasil ainda está digerindo o anúncio de que seu Produto Interno Bruto (PIB) teve queda de 9,7% no 2° trimestre de 2020, em comparação com o 1º trimestre de 2019, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da maior queda da série histórica desde 1996. Se for tomado como comparação apenas o período correspondente em 2019, a queda chega a 11,4%. E se é certo que a pandemia teve um papel inequívoco nesses resultados (não esquecer que a economia já estava patinando antes do vírus), não é menos verdade que quem soube lidar com a doença se saiu melhor - o que não é, infelizmente, o caso do Brasil. Basta comparar: países que controlaram melhor a pandemia, como os europeus, estão se saindo melhor que Estados Unidos, Brasil ou o México. Nestes, a incerteza não afeta apenas comércio e serviços neste momento, mas tende a piorar o investimento e as contas públicas.
A pergunta inevitável é: poderia ter sido diferente? Provavelmente, sim, pois à exceção da China que reagiu rapidamente e abortou a expansão interna do vírus, os outros tiveram mais tempo para se preparar. Assim, a atividade econômica reagiu melhor onde o novo coronavírus foi mais bem controlado, gerando confiança em consumidores, trabalhadores e empresários de que poderiam retomar paulatinamente à rotina. Foram os casos da Nova Zelândia, Vietnã, Coreia do Sul e Alemanha.
Dar prioridade à economia resultou num morticínio absurdo - como vem sendo registrado nos Estados Unidos e no Brasil - com as pessoas demonstrando relutância em voltar à vida ativa pelo medo de se contaminarem. Bem diferente foi onde o novo coronavírus foi melhor controlado, gerando confiança nos cidadãos. Tais países estão conseguindo retornar com mais facilidade à normalidade. Dão mostras de que não basta reabrir a economia se a população não tiver confiança nas medidas de controle da pandemia.
O certo é que o negacionismo dos governos Trump e Bolsonaro, além dos problemas éticos gerados, prejudicou enormemente a economia. No Brasil, isso foi mais contido graças à atitude responsável de uma parte dos governadores, ao priorizarem o combate à epidemia e planejarem uma volta menos arriscada à atividade rotineira. Mas tem sido fundamental, também, o auxílio emergencial criado pelo Congresso Nacional e recebido com reticência inicial pelo Planalto (não mais agora quando passou a turbinar a popularidade do governo).
Com o recuo do PIB, prevê-se uma maior pressão em favor do investimento público e da atenuação das rígidas restrições fiscais - inclusive do teto de gastos - impondo-se cada vez mais a percepção de que a política de austeridade não dará conta dos desafios econômicos e sociais à espera da sociedade brasileira num ainda nebuloso pós-pandemia.
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