
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O Brasil se despediu ontem do maior constitucionalista da atualidade. O professor Paulo Bonavides fez da produção intelectual instrumento de ação direta para mudar o mundo. Como autor de livros, em sala de aula e em inúmeras conferências, produziu pensamento na área do Direito e da ciência política entre os mais influentes do mundo. Acima do estudioso estava um humanista profundo. Sua produção acadêmica não se limitava a uma teoria, mas estava relacionada a uma ação prática.
Bonavides era acima de tudo um radical defensor da democracia em seus fundamentos. Não restrita aos limites da democracia representativa, estudou, formulou e defendeu ao longo de décadas a construção de uma democracia direta, participativa, um poder que seja do povo não apenas na teoria, mas na prática. Um governo que seja dos cidadãos e cidadãs e não dos representantes eleitos. Uma população chamada a decidir sem intermediários as questões mais fundamentais.
Testemunhou o mundo se transformar. Começou a acompanhar política na época da Revolução de 1930, interessou-se ainda menino pela Guerra Civil Espanhola, quando torceu pelos republicanos, que acabaram derrotados, dando início à ditadura de Francisco Franco. Chegou à idade adulta com o Brasil sob a ditadura de Getúlio Vargas e o mundo sob a ameaça do nazi-fascismo. Em sua produção intelectual, estudou os fundamentos políticos do Estado ditatorial brasileiro nos anos de regime militar. Na redemocratização, viu na Constituição de 1988 um projeto que não se completou para construir uma democracia profunda e inclusiva.
Para o professor, o Direito era um instrumento para construção da liberdade. Defendia ainda a busca da Justiça social e de uma sociedade menos desigual. Um Estado em sintonia com os anseios populares.
Bonavides é um paraibano que se fez cearense. Mudou-se para o Estado aos nove anos e aqui encerrou seus dias, 86 anos depois.
O POVO tem o orgulho de ter o professor Bonavides como parte de sua história. Primeiro como jornalista, onde chegou aos 13 anos, em 1938. Foi vencedor de um concurso para repórter. Paulo Sarasate até quis impedi-lo de se inscrever por ser muito novo, mas o fundador do jornal, Demócrito Rocha, disse que ele deixasse o menino Paulo participar. Os textos escritos para concorrer não eram identificados. Após ler o vencedor, Sarasate tomou o susto ao saber que era o do garoto.
Desde então ele tem sido parte da construção do O POVO, como jornalista e depois como fonte, colaborador, membro do Conselho Editorial e amigo. E continuará como inspiração para O POVO, para o Ceará e para o Brasil, por seu pensamento e seus ideais.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.