Caso você não lembre, no próximo domingo, dia 15 de novembro, iremos escolher os próximos prefeitos e vereadores dos 5.570 municípios do País. Momento único de nossa democracia, que ganhou elementos ainda mais peculiares em razão da pandemia do novo coronavírus. A grave crise na saúde e também na economia provavelmente fez o eleitor não dar a devida atenção para a campanha. Os próprios candidatos precisaram ficar mais distantes fisicamente da população, devido às restrições impostas - e absolutamente necessárias - pelos protocolos sanitários, a fim de evitar aglomerações.

Com muito mais recursos e tempo no rádio e na TV, as disputas pelos executivos municipais acabam, naturalmente, ganhando mais visibilidade, fazendo com que o eleitor gaste certo tempo e elenque critérios para a escolha de seu candidato. Entretanto, tão importante quanto o voto para prefeito, é o para vereador. Boa parte das ações do Paço Municipal depende do Legislativo. É ele quem aprova o orçamento da cidade a cada ano, discute e vota novas leis sobre os mais diversos temas, além de fiscalizar as decisões do prefeito.

Como mostrou a edição do último domingo do O POVO, a maioria dos eleitores não lembra em quem votou para vereador há quatro anos, revelando o quanto a corrida por uma vaga no Parlamento fica em segundo plano. As pessoas ainda não conseguem enxergar a relevância desse local de representatividade. Para muita gente, o vereador é apenas aquele sujeito que vai conseguir um atendimento no posto de saúde, um asfalto para determinada rua, dentro de um pensamento individualista e pragmático que ainda permeia nossa sociedade.

A culpa, neste caso, precisa ser compartilhada. É dos partidos, que não têm uma cultura de formação de bons quadros. Muitos são alvo de chacota. É do Legislativo, que põe em prática poucas ferramentas de participação popular. E é do próprio eleitor, muito acomodado em apenas delegar funções, pouco afeito a acompanhar os mandatos, mas que, na hora das eleições, adora reclamar dos políticos, colocando todos na vala da corrupção.

Uma real mudança nesse quadro depende de um forte trabalho de conscientização que, acima de tudo, mostre para todos a importância da política, tão estigmatizada. Se hoje temos péssimos representantes é porque nós permitimos que eles chegassem lá. Não honram os cargos que ocupam e mesmo assim os reelegemos. Se compram votos, é porque tem alguém que aceita vender. Ou seja, tudo precisa ser transformado para que o País aperfeiçoe suas estruturas democráticas e possa se desenvolver de modo mais equilibrado. E o primeiro passo para essa evolução está na escolha do seu vereador. Pesquise, converse com amigos, observe quem realmente tem condições de chegar à Câmara e seja você também protagonista desse processo. Só assim poderemos vislumbrar dias melhores.