O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Os Estados Unidos cumpriram ontem um dos rituais formais que validam os resultados das eleições presidenciais: os votos dos 538 delegados do Congresso Eleitoral que escolhem formalmente o presidente da República e seu vice. Cada estado tem direito a um número X de delegados. Cada partido tem sua lista própria para ocupar essas vagas, caso seu candidato presidencial vença no estado, pelo voto popular. Quando isso ocorre, o partido arrebata os lugares que estão designados para seu estado no Colégio Eleitoral. A lógica é que o delegado escolhido vote no candidato do partido, mas não há regra formal obrigando-o a isso. É tradição. Já ocorreu de o delegado "virar" a casaca, mas isso é uma eventualidade raríssima e hoje os partidos podem até substituir o "rebelde". Para os adversários de Trump esse tipo de "subversão" não seria propriamente uma surpresa, caso acontecesse mais amplamente. O atual presidente é conhecido por não dar importância para as regras do jogo.
Isso, contudo, saiu do horizonte - pelo menos por enquanto -, depois do pronunciamento do Colégio Eleitoral, ontem, em favor de Joe Biden. Os votos vão agora para o Senado e lá serão oficialmente certificados, no próximo dia 23. Aí, então, no dia 6 de janeiro, o Congresso americano fará uma sessão conjunta e contará os votos do Colégio Eleitoral. Quem preside a sessão é o presidente do Senado, que é o vice-presidente Mike Pence. Caberá a ele declarar, então, quem está oficialmente eleito. O passo final é a posse do novo presidente e seu vice no dia 20 de janeiro.
Chegar até aqui não foi nada fácil: os Estados Unidos nunca tiveram uma sucessão tão estressante, que testou em grau extremo os limites de sua institucionalidade como democracia representativa. Não dá para disfarçar que as sequelas serão marcantes, tal como ocorreu no fim do macartismo, nos anos 1950. Desde então, a serpente do autoritarismo, do estado de exceção e do radicalismo ideológico nunca se haviam manifestado com tanta desfaçatez. Sempre que coloca a cabeça de fora, o extremismo de direita, ainda quando derrotado, deixa um rastro indelével de distorção da democracia, cuja superação é sempre muito custosa e sofrida. As vítimas do macartismo sabem muito bem disso.
Quando o extremismo se retira, nunca o faz sem deixar seus ovos abrigados em algum desvão do sistema para, ao menor cochilo da sociedade democrática, voltar a conspirar contra o Estado Democrático de Direito. Trump não esconde que deixou sementes para o futuro, e pretende liderar as hostes das trevas e a alimentar suas sombras, que hoje assombram vários países, inclusive, o Brasil.
Resta às elites econômicas fazerem um balanço crítico do quanto tem custado à humanidade seu apoio e encorajamento a essas forças obscuras que tentam, repetidamente, extirpar a luz e a esperança do mundo e semear em seu lugar ódio e confusão.
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