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Com risco não existe Carnaval
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Editorial opinião

Com risco não existe Carnaval

Tipo Opinião

No incerto limiar entre sabedoria popular e jeitinho brasileiro, costuma-se dizer que, no Brasil, o ano só começa depois do Carnaval. É característica cultural fincada no calendário nacional. Mesmo aqueles pouco afeitos à folia costumam receber bem os dias de descanso.

O mundo adentrou 2021, porém, com o pé atrás que devia ter antecipado no ano passado. Em fevereiro de 2020, o Brasil recebeu a folia de portas abertas com toda sorte de aglomeração característica das festas. O resultado foi cobrado em março, o mês em que o País passou a entender a gravidade da crise sanitária causada pelo novo coronavírus. Os números se multiplicam desde então.

Hoje, o Brasil convive com médias diárias de mais de mil mortes por Covid-19 por dia. Fala-se em "segunda onda", quando os reflexos da primeira nem bem foram superados. A tragédia diária tem ganhado novo patamar de dor agora que as internações aumentaram após as festas de fim de ano. Assim, um Carnaval como aquele costumeiro é prenúncio de catástrofe sem precedentes.

O maior risco é a falta de leitos de UTI em grandes centros, tal qual Manaus (AM) tem enfrentado.

Alardeados diariamente, os números brutos perdem o impacto para quem não vive perdas pessoais. O resultado é que parte da sociedade trata a pandemia como assunto superado, logo quando ela entrou naquele que promete ser o ponto crítico.

A esperança que ganha forma é a vacina. As informações são positivas, mas cientificamente vagas — sem detalhamento, o otimismo sobrepuja a seriedade. A imunização, porém, é só uma parte da equação. E ainda que a vacinação se inicie, o cenário só se resguarda quando a maioria da população estiver, de fato, imune.

A posição das prefeituras no Ceará tem sido, majoritariamente, a de seguir as recomendações do Governo Estadual, que, por sua vez, cumpre o Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas e Comportamentais, baseado em estudos epidemiológicos e relatórios técnicos. A cautela é o caminho.

Mesmo que a vacina surja antes de 13 de fevereiro, ela virá para poucos — aqueles mais vulneráveis à Covid-19. Ela não dará salvo conduto. Ela não tornará segura uma imensa festa pública nas ruas.

Se é pela segurança do povo, melhor que o ano de 2021 só comece depois do Carnaval de 2022. 

 

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