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Campanha da Fraternidade ecumênica
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Editorial opinião

Campanha da Fraternidade ecumênica

Nesta Quarta Feira de Cinzas, início da Quaresma, assiste-se mais uma vez ao lançamento da Campanha da Fraternidade, agora em versão ecumênica (não restrita aos católicos romanos), promovida em conjunto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), forma repetida a cada cinco anos. A iniciativa destina-se a convocar os cristãos de diversas denominações, e os "homens de boa vontade" em geral, a dedicarem os próximos 40 dias a um exercício de reflexão, ação e partilha, tendo como foco as realidades vividas no cotidiano das comunidades brasileiras, no intuito de favorecer o bem comum, através da fraternidade, do diálogo e da solidariedade, encarnando os princípios cristãos e humanistas. Seu tema é "Fraternidade e diálogo: compromisso de amor"; e o lema é "Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade".

Nada mais mais apropriado para uma sociedade que parece ter perdido a capacidade de conviver consigo mesma. Tudo por conta de um divisionismo que se destampou na esfera política, "rachou" a Nação e espalhou-se para outras áreas de convívio. E - o mais triste - chegou até às igrejas cristãs, que se viram atravessadas por sectarismos e ódio, estraçalhando a túnica inconsútil de Cristo. Pois, como conciliar o amor cristão com a defesa das armas, da segregação e da tortura como forma de calar, intimidar, difamar, caluniar e até eliminar quem sai da "caixinha ideológica" extremada?

O desandamento é tão tão obtuso que até a figura do Papa é levada ao escárnio público, em certos meios e sites que se reivindicam católicos. Traz à tona a imagem das pessoas que apupavam Cristo no Sinédrio e pediam sua morte, naquela época. E o faziam, também, em nome de uma suposta ortodoxia religiosa que perdera seu conteúdo espiritual e se abraçara ao formalismo da Lei e a um exclusivismo arrogante, considerando-se os "únicos" herdeiros da Tradição, repelindo quem apontasse sua hipocrisia ao bater no peito e dizer a Deus: "ainda bem que não sou como eles". Os mesmos que fulminavam Cristo por andar na companhia de prostitutas e almoçar com pecadores públicos.

Daí o resgate feito pela Campanha da epístola de Paulo aos Efésios (Ef. 2.14) - "Ele é a nossa paz: de ambos os povos fez um só, tendo derrubado o muro de separação e suprimido em sua carne a amizade" (referindo-se a divisão entre judeus e gentios na Igreja). Dessa maneira, "além de ser uma importante ferramenta formativa e de engajamento, a Campanha da Fraternidade Ecumênica oportuniza o diálogo entre diferentes convicções e pode ser palco para a construção de uma verdadeira cultura de paz".

Tanto é assim, que os próprios cristãos, deixando de lado suas divisões eclesiais respectivas, unem-se entre si e convidam a sociedade brasileira a fazer o mesmo, não deixando que as diferenças impeçam o serviço ao outro. Ainda que este seja diferente. n

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