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A nossa posição é clara
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O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública

Editorial opinião

A nossa posição é clara

Tipo Opinião

É na capacidade que demonstra de estabelecer limites na relação entre as áreas comercial e editorial, ambas vitais à sua existência, que um órgão de comunicação vê estabelecida, talvez, sua principal virtude. Ao mesmo tempo, trata-se de um dos maiores desafios com os quais se acaba defrontando cotidianamente. O objetivo primordial será, sempre, impedir que uma área avance sobre a outra, esforço que procura assegurar uma Redação em que seus profissionais tenham condições para atuar sob liberdade. É deste equilíbrio que resultará uma informação limpa e forte.

Trata-se de uma discussão recorrente e que se vê posta à mesa, de novo, com a decisão do O POVO de publicar na sua edição da última terça-feira, dia 23, anúncio de meia página de um denominado movimento Médicos Pela Vida, no qual faz-se a defesa do chamado "tratamento precoce" e da utilização de medicamentos cuja eficácia não foi cientificamente comprovada, por nenhuma instância, como forma de enfrentar a Covid-19. Um grupo oficial, reconhecido, gente de registro oficializado nas instâncias de regulação profissional da atividade médica. A verdade é que não haveria óbice objetivo para rejeitar aquela peça, fruto do pensamento de uma parcela da classe, apesar do caráter polêmico do seu conteúdo.

A decisão de publicar o anúncio, tomada pela área comercial, respalda-se em critérios que a empresa aplica para abrir seu espaço publicitário, caracterizado como tal e apresentado ao leitor sem qualquer tentativa de criar confusão com o editorial. E nesse ponto encerra-se qualquer tipo de vínculo entre a ideia que está posta ali e o que pensa O POVO, cuja marca principal é a capacidade de, em seus múltiplos espaços, estar sempre aberto ao contrário e às diferenças.

O fato de termos dado voz à controversa tese não nos faz aliados da ideia. Nossa posição editorial é clara: somos a favor da Ciência. E o que a melhor Ciência nos diz hoje é que esse tratamento não é comprovado. Que o mais indicado para o momento é apoiar as ações de contenção do vírus, com isolamento e distanciamento social, estímulo ao uso de máscara e do álcool gel, redução das atividades gerais ao mínimo necessário. E vacinas, obviamente.

Desde quando a crise sanitária começou temos abraçado todas as iniciativas que vão nessa linha, dolorosas que sejam, explicitando a posição sempre que necessário. Aliás, algo que está posto mais uma vez em matéria publicada na edição de ontem, dia 25, sobre o tema. Assim é a dinâmica das coisas. Ao editorial cabe sempre jogar luz sobre as diversas mensagens em circulação em uma sociedade e pô-las à prova dos fatos.

Na trajetória de 93 anos já nos deparamos com muitas situações nas quais abrigamos textos, análises, opiniões e pensamentos dos quais discordávamos, até radicalmente em alguns casos. Nem tudo que está nas páginas do O POVO é resultado do que institucionalmente defendemos, no aspecto editorial. No nosso entendimento, esta é uma das maiores riquezas acumuladas ao longo de uma vida noticiando e analisando as coisas do Ceará, do Brasil e do Mundo. É questão apenas de reafirmar isso sempre que dúvidas surjam. n

 

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