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Um presidente sem limites
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Editorial opinião

Um presidente sem limites

Nesta sexta-feira o Brasil registrou 1.582 mortes por Covid-19, o número mais alto desde o início da pandemia do novo coronavírus. No mesmo momento, o País ultrapassa a marca de mais de 250 mil pessoas vitimadas mortalmente pela doença. No Ceará, mais de 11 mil pessoas perderam a vida, com registro de mais de 420 mil casos.

Segundo boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado também ontem, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos revelam "o pior cenário" já observado desde o início da pandemia. São 12 estados e o Distrito Federal na zona de alerta crítica com 80% ou mais de ocupação de leitos de UTI para adultos e 17 capitais com pelo menos 80% dos leitos ocupados.

Enquanto isso, a vacinação vai a passos lentos, com apenas 3% da população imunizada, fazendo a promessa do Ministério da Saúde de vacinar todos os brasileiros até o fim do ano soar como irreal.

Foi nesse mesmo dia que o presidente Jair Bolsonaro esteve no Ceará expondo todo o seu arsenal negacionista: sem usar máscaras e provocando aglomerações por onde passava. Como se viu em Tianguá, por exemplo, em que até uma barreira para evitar aglomeração foi removida por ordem dele. A mesma situação repetiu-se em todos os locais visitados por Bolsonaro.

Além disso, o presidente fez um discurso agressivo contra "políticos", que fariam ataques contra ele, criticou administradores estaduais e mandou indiretas ao governador do Ceará, Camilo Santana (PT), condenando o fechamento do comércio como medida preventiva contra a disseminação do vírus. Depois, desafiou os adversários dizendo ser "imbrochável", em discurso que ecoou o ex-presidente Fernando Collor de Mello, quando disse ter nascido com "aquilo roxo". Coincidentemente, os dois discursos foram feitos no Ceará. O de Collor em Juazeiro do Norte, em 1991; de Bolsonaro, agora, em Tianguá.

Por tudo isso, fez bem governador Camilo Santana ter deixado de comparecer às solenidades com Bolsonaro, devido à recusa do presidente em cumprir medidas de prevenção à Covid-19, "algo frontalmente contrário à gravíssima crise sanitária que vivemos neste momento, com o aumento preocupante de casos e óbitos", escreveu em suas redes sociais.

Enquanto governadores e prefeitos lutam para estabelecer medidas restritivas e de isolamento para conter o coronavírus, Bolsonaro faz justamente o contrário, promovendo ajuntamentos, perorando contra o uso de máscaras e divulgando informações falsas. O seu objetivo é claramente antecipar a campanha eleitoral de 2022, obsessão que se confunde com os esforços para socorrer os filhos em processos que correm contra eles.

Somente isso — além de sua personalidade desagregadora — explica a sua falta de limites, suas atitudes agressivas e seu desprezo pelos milhares de vidas ceifadas pelo contágio do novo coronavírus. n

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