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Governador acerta ao instituir cotas
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Editorial opinião

Governador acerta ao instituir cotas

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT-CE), encaminhou projeto de lei à Assembleia Legislativa estabelecendo cota de 20% para candidatos negros nos concursos para o serviço público do Estado. Aprovada a proposta, o governador pretende implementar a decisão já nos próximos concursos públicos, incluindo os já anunciados. A medida é um grande acerto político, do qual decorrerão benefícios sociais de larga escala.

O líder do governo na AL-CE, deputado Júlio César Filho (Cidadania) disse que vai requerer tramitação de urgência ao projeto, que busca "diminuir as desigualdades históricas" que ainda persistem no Ceará, como em todo o Brasil. Assim, é de se supor que não haverá resistência na Assembleia Legislativa para aprovar uma proposta visando garantir mais pluralidade entre o funcionalismo público.

No Brasil o sistema de cotas passou a disseminar-se a partir de 2004 quando a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) tornou-se a primeira instituição de ensino superior a adotar o sistema, reservando 50% das vagas para egressos de escolas públicas. Depois vieram leis estabelecendo cotas sociais e raciais para as universidades públicas e também para o serviço público federal.

Com a vigência desse sistema desarmou-se o argumento de que as cotas quebravam a "meritocracia" e que os cotistas teriam desempenho — seja escolar ou profissional —, inferior ao dos não cot desempenho dos cotistas é equivalente ou superior em relação aos não cotistas .

Assim, nesses anos de vigência das cotas revelou-se o êxito dessa proposta, reduzindo-se um pouco a distância que ainda separa ricos e classe média dos pobres, em relação à empregabilidade e à educação, ajudando a combater o racismo e o preconceito de classe.

O sucesso foi tão grande que empresas privadas passaram a adotar o sistema. Um dos casos mais comentados foi do Magazine Luiza, uma das maiores redes varejistas do Brasil, que abriu vagas para trainee para executivos exclusivamente para pessoas negras.

Depois de ver sua cofundadora Cristina Junqueira criticada por dizer no programa Roda Viva da TV Cultura que era difícil contratar negros, pois não podia "nivelar por baixo", a empresa comprometeu-se a contratar duas mil pessoas negras até 2025. A XP financeira, por sua vez, diz que até o mesmo ano terá 50% de mulheres em sua equipe, em todos os níveis hierárquicos.

Assim, de uma proposta que de início parecia polêmica, chega-se a uma situação em que as cotas são vistas como uma necessidade imperiosa para levar a diversidade social, racial e de gênero para dentro dos ambientes de trabalho, de modo que nossas escolas e empresas fiquem com a cara tão diversa e bonita da sociedade brasileira. n

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