O papa Francisco já está no Iraque, onde permanecerá até o dia 8 deste mês. É a primeira viagem do Sumo Pontífice, desde o início da pandemia e a 33ª viagem internacional de seu pontificado. A sua visita prevê encontros com autoridades governamentais e religiosas, cristãs e muçulmanas. A religião islâmica é dominante nesse país do Oriente Médio, abrangendo cerca de 95% da população, entre xiitas e sunitas.

Devido ao estado conflituoso na região, essa é uma viagem perigosa para Francisco, que usará um veículo blindado em seus deslocamentos. Apesar de visitas papais já terem coberto praticamente todos os países do mundo, o Iraque nunca havia sido pisado pelo líder espiritual da Igreja Católica Apostólica Romana.

Francisco marcou seu pontificado pela defesa da paz e dos mais pobres e indefesos. E é essa mensagem que ele quer levar ao Iraque. Em comunicado divulgada pelo Vaticano Santo Padre disse que iria ao Iraque "como peregrino da paz, mendigando fraternidade, animado pelo desejo de rezarmos juntos e caminharmos juntos, incluindo os irmãos e irmãs de outras tradições religiosas, sob o signo do pai Abraão, que reúne numa única família muçulmanos, judeus e cristãos", referência ao fundador das três religiões monoteístas do mundo.

Como disse dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o papa está no Iraque de "coração aberto" para "testemunhar o que está na sua carta encíclica Fratelli Tutti (somos todos irmãos), ensinando que as diferenças não são barreiras para se construir a amizade social".

Para Fernando Altemeyer Junior, chefe do departamento de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), que falou à BBC Brasil, "Francisco vai costurar uma sociedade rasgada e dolorida. É uma missão de paz e compaixão. Não vai como panaceia curar todos os males, mas dizer que o papa está perto e os têm no coração".

É por isso que a viagem do Sumo Pontífice ao Iraque vem sendo vista como "histórica". De fato, não é exagero classificá-la assim, pois a obra de Francisco é trabalhar pela reconfiguração de um mundo dilacerado para torná-lo mais humano e mais fraterno. É o que o Santo Padre foi fazer no Iraque. n