O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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O governador do Ceará, Camilo Santana (PT) classificou como "momento histórico" a chegada das águas do rio São Francisco ao açude do Castanhão, o maior reservatório do Ceará. Não há exagero na afirmação, tendo em vista que se discute essa obra há dois séculos. Porém, seu começo efetivo ocorreu apenas no ano de 2007.
A transposição é um empreendimento crucial para que os nordestinos possam conviver com o fenômeno climático da seca, que atinge regularmente a região, pondo em risco a segurança hídrica de milhões de pessoas. Segundo Camilo Santana, metade da população do Ceará, 4,5 milhões de habitantes, serão beneficiados com a segurança de ter água suficiente para consumo, englobando a Região Metropolitana de Fortaleza e as regiões do Cariri, Baixo Jaguaribe e Médio Jaguaribe.
Para se ter a ideia da magnitude dessa obra, é preciso conhecer o seu histórico, que começa no século XVIII. A ideia da transposição das águas do Rio São Francisco, como solução para aplacar o problema do abastecimento hídrico no Nordeste, remonta ao ano de 1840, ainda no período do Brasil Império (1822-1889), quando alguns estudiosos do assunto já aventavam essa possibilidade.
Depois de uma intempérie arrasadora, nos anos de 1877 e 1879, os estudos foram retomados. A "Grande Seca", como ficou conhecido o episódio, deixou milhares de mortos em todo o Nordeste, atingindo com mais intensidade o Ceará. No entanto, apesar da dramaticidade do evento, não foi tomada nenhuma iniciativa concreta em relação à obra.
No século XX, praticamente todos os governos voltaram a cogitar a possibilidade de transposição, nos anos anteriores à ditadura militar, durante o período autoritário, e também na fase pós redemocratização. Tiveram papel importante para fazer avançar os preparativos do empreendimento os governos de Itamar Franco (1991-1995) e de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), mas as obras foram iniciadas durante a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011), em 2007. Seus sucessores, Dilma Rousseff (2011-2016) e Michel Temer (2016-2018), deram continuidade à obra, como também o atual presidente, Jair Bolsonaro, a quem coube o momento decisivo e fundamental de acionamento do sistema que liberou as águas para sua chegada ao Ceará.
Empreendimento de tal magnitude somente foi possível devido ao fato de o tema ter sido tratado como questão de interesse nacional. Assim, na sua história recente, observou-se a boa vontade de diversos governantes em dar continuidade ao trabalho, de tão grande significado para todos os nordestinos, que padecem sob um problema climático, cuja dificuldade pode agora pode ser mitigada. Assim, mesmo com os atrasos havidos, a obra agora está bem perto de sua conclusão. Porém, é preciso defender que a água deve, em primeiro lugar, atender ao consumo humano e os pequenos produtores rurais, deixando apenas o excedente para servir a interesses comerciais. n
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