Logo O POVO+
Editorial: A medida certa, o tempo justo
Foto de Editorial
clique para exibir bio do colunista

O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública

Editorial opinião

Editorial: A medida certa, o tempo justo

Levantamento apresentado nos últimos dias pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Ceará (Abrasel-CE) mostra que 60% dos estabelecimentos do setor estão, hoje, com as contas de energia atrasadas em seu pagamento. Efeito direto, evidentemente, das medidas de isolamento social que têm sido adotadas pelo governo estadual, a partir das recomendações do comitê científico que o assessora, e mais uma demonstração de que tão importante quanto adotar medidas duras para o enfrentamento de um quadro de pandemia, em si desafiador, é estar atento para o efeito delas e os meios disponíveis para amenizá-lo.

No caso em questão, até já houve o anúncio pelo governador Camilo Santana de uma medida para atenuar a aflição dos empresários do setor de bares e restaurantes, especialmente aqueles cujos negócios situam-se na faixa de pequenos ou médios. A Assembleia Legislativa aprovou projeto que quita as dívidas de 500 mil consumidores definidos como de baixa renda, vários deles proprietários de estabelecimentos no setor, porém, há queixas de que a medida não está sendo operacionalizada com a necessária agilidade. Em função disso, cortes têm acontecido e estabelecimentos que poderiam aproveitar o novo momento do combate à Covid-19, na qual houve autorização de funcionamento com uma série de restrições que garantam ainda um nível confortável de distanciamento social, acabam impossibilitados de fazê-lo diante da interrupção, por falta de pagamento, do fornecimento de energia.

É um cenário dramático e também não parece lógico que se cobre da fornecedora de energia, com suas regras empresariais e impessoais, uma atitude de compreensão diante de situações específicas que enfrenta. Cabe ao Estado agir com precisão, justiça e rapidez, garantindo àqueles que precisam, e são muitos, o olhar social necessário em torno de uma relação cuja essência, pela natureza, é econômica.

Trata-se, apenas, de impor a prioridade que o caso requer, pois privar donos de pequenos negócios do acesso à energia elétrica, nesse momento, representará, na prática, deixá-los sem condições objetivas de funcionar. Seria injusto dizer que as autoridades cearenses, no Executivo, no Legislativo e até no Judiciário, tenham estado insensíveis aos efeitos perversos de medidas necessárias adotadas, mas, é preciso garantir que as ações de ajuda cheguem ao público para a qual se destinam na hora certa. Apenas chegar, às vezes, pode não ser suficiente. 

 

Foto do Editorial

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?