O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) rejeitou a importação da vacina Sputnik V, fabricada pelo Instituto Gamaleya, da Rússia. A decisão, tomada por unanimidade por um comitê de cinco diretores, frustrou o Consórcio do Nordeste, cujos governadores, incluindo o do Ceará, vinham negociando a compra desse imunizante contra a Covid-19. Somados a pedidos de estados e cidades de outras regiões, o total chegava a 66 milhões de doses do imunizante que viriam para o Brasil.
Segundo os diretores, há falhas e pendências nos documentos apresentados e, além disso, em visita da Anvisa a duas fábricas que produzem o imunizante na Rússia, teriam sido encontrados problemas na esterilização do ambiente, comprometendo a "esterilidade do produto".
Ademais, o gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, explicou que um dos pontos mais críticos foi "a presença de adenovírus replicante na vacina", quando deveria ser inerte. Isso constitui, garante Mendes, "uma não conformidade grave", por seu potencial de provocar doenças em quem receber o imunizante.
De qualquer modo, observe-se que a argumentação da Anvisa restringe-se a questões técnicas e científicas, passíveis de verificação. Portanto, é de pouca ajuda a resposta do Instituto Gamaleya acusando a agência brasileira de agir politicamente, por submissão aos Estados Unidos, abstendo-se de responder aos questionamentos que levaram a agência a vetar a importação da Sputnik
Se dos desenvolvedores russos da Sputnik se esperava um pouco mais, a Anvisa também deve se sentir obrigada a mostrar mais evidências de sua denúncia, pois especialistas afirmam que a descoberta do adenovírus replicante na Sputnik. é uma acusação inédita no mundo, pois vários países vêm utilizando a vacina, sem registro de efeitos colaterais graves.
Independentemente de qualquer consideração, é compreensível, porém lamentável, que uma parcela da população fique desconfiada de que pode haver algum tipo de injunção política. Isso ocorre devido ao desmonte e ao aparelhamento que o governo federal vem promovendo em vários órgãos de fiscalização, pesquisa e controle, como é o caso do Inpe, do Ibama e do IBGE, atingindo-lhes a credibilidade
Entretanto, é preciso ressaltar, não se pode confundir as ações do governo com o corpo de funcionários das instituições, normalmente concursados, que ocupam funções importantes no serviço público e têm consciência de que sua atuação deve estar de acordo com os interesses dos brasileiros e não de eventuais ocupantes do Palácio do Planalto.
Assim, antes de acusar os diretores da Anvisa de terem agido politicamente, é preciso responder tecnicamente aos questionamentos levantados pela agência. A Anvisa por sua vez, deve estar preparada para confirmar sua tese ou ter o desassombro de voltar atrás, caso fique convencida de que cometeu um equívoco. n
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