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O drama dos motoristas de aplicativos
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Editorial opinião

O drama dos motoristas de aplicativos

O 35º latrocínio contra motorista de aplicativo registrado no Ceará nos últimos cinco anos, com o episódio que custou a vida de Samir Lima da Silva, de 31 anos, cujo corpo foi encontrado na noite de sexta-feira, amplia a discussão sobre a necessidade de um ambiente de maior segurança para que esses profissionais, tão importantes às necessidades do mundo contemporâneo, possam exercer suas atividades com menores riscos de serem vítimas de um quadro de violência que segue a nos assustar e incomodar. Claro que o desafio às autoridades é maior e lhes cabe garantir ruas tranquilas para todos, sem distinção ou privilégio.

Acontece que alguns grupos parecem mais expostos à realidade de um modelo de segurança que, infelizmente, não consegue dar conta do tamanho do desafio. O governo precisa desenvolver uma estratégia que funcione de fato e que seja capaz de fazer parar uma contagem macabra que, em período tão curto, levou à morte número tão expressivo de pessoas que buscavam na atividade um meio digno de garantir o sustento de suas famílias.

O momento é particularmente desafiador para quem atua no setor, considerando-se o problema agregado do preço dos combustíveis. A gasolina, para citar o caso do produto mais utilizado entre eles, acumula alta de 28,21% apenas no ano de 2021, sem que o repasse desse custo aconteça de maneira imediata para o usuário, devido às regras de um modelo de cobrança que precisa de uma estabilidade mínima e também pela própria dificuldade que isso traria à captação de passageiros diante do risco de os valores ficarem inacessíveis para uma população trabalhadora que enfrenta dificuldades no dia-a-dia de uma economia que não voltou ainda a funcionar normalmente devido à pandemia que segue, mas também como resultado de uma política de governo que, até agora, se apresenta ineficaz.

Há cuidados, voltando à temática da segurança, que os próprios profissionais da atividade precisam adotar e as plataformas nas quais atuam garantem que medidas têm sido colocadas em prática. Por exemplo, os deslocamentos acontecem hoje, para grande parte, valendo-se de um sistema de monitoramento que ajuda a melhorar a sensação de proteção dos motoristas, embora sem oferecer uma garantia absoluta de que a ação violenta será evitada.

O grito de alerta é importante para que não nos acomodemos diante de números que, com a frieza que os marca, podem criar uma falsa ideia de que o que está sendo feito é suficiente. Por exemplo, a constatação de que é, desde janeiro, apenas o segundo latrocínio envolvendo motorista de aplicativo, na sequência de um ano, como foi o de 2020, que acumulou 20 casos de mortes violentas contra os profissionais ligados à atividade. Melhorou, é fato, mas muito ainda precisa ser feito para que tenhamos um ambiente tranquilizador para todos, motoristas, passageiros e as famílias de todos os envolvidos. n

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