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Aumento do IOF: um governo de improvisos
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Editorial opinião

Aumento do IOF: um governo de improvisos

A grande proposta do governo do presidente Jair Bolsonaro era nomear "superministros" para as áreas mais sensíveis do governo, que teriam plena autonomia para aplicar seus conhecimentos, protegidos do varejo da política.

Eram três os que ganharam esse epíteto da imprensa, devido ao poder que pareciam acumular: Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Sergio Moro (Justiça) e Paulo Guedes (Ecomomia). Onyx, titular inicial da mais importante Secretária da Presidência, foi deslocado para outros dois cargos de menor importância, até ser acomodado em um recriado Ministério do Trabalho e Previdência Social; Sergio Moro, que teria "carta branca" para combater a corrupção, foi defenestrado, pois começou a fazer sombra ao presidente e a contrariar alguns de seus interesses.

Sobrou Paulo Guedes, não mais como o todo-poderoso da Economia, garantidor de uma política liberal, que com a sua equipe "técnica", prometia ser uma ilha de competência em meio a um governo mais preocupado com questões ideológicas, como instaurar uma política "conservadora" no âmbito da educação, da cultura, e dos costumes.

Por sua vez, Guedes não conseguiu implementar um projeto econômico para o País, vendo-se agora às voltas com o aumento da inflação e do desemprego, com a alta do dólar, preços elevados da gasolina e do gás de cozinha, e da carestia dos alimentos. Restou-lhe acomodar-se à voz de comando de Bolsonaro, passando a justificar-se com palavreado oco de sentido.

Em vez de planejamento, o que se passou a ver foram promessas vagas ou alguma ideia mirabolante apresentada em um dia para ser esquecida no dia seguinte. As reformas empacaram e, quando chegam ao Congresso, apresentam-se como arremedo da intenção inicial.

Com a proximidade das eleições e a queda cada vez maior da popularidade do presidente Jair Bolsonaro, esvaem-se os últimos resquícios de uma gestão profissional, restando a improvisação pura e simples, o que vai piorar ainda mais o cenário econômico.

Essa situação fica claramente demonstrada no decreto assinado pelo presidente aumentando o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para custear a expansão do programa Bolsa Família, agora chamado de Auxílio Brasil.

Apesar de o reajuste ser necessário, o remendo fica exposto quando se observa que o valor arrecadado dará somente para custear a pretendida correção do benefício até o fim deste ano. Além disso, o governo será cobrado por quebrar mais um compromisso de campanha: o de não aumentar impostos.

Com a alteração do IOF, o custo do dinheiro ficará mais alto, atingindo pessoas físicas e jurídicas. A consequente expectativa de aumento da taxa Selic tende a desestimular investimentos, dificultando a geração de novas vagas de emprego.

A verdade é que o governo encontrou a solução mais fácil, pois falta ao presidente a capacidade de buscar uma proposta negociada, evitando transferir esse o custo para o conjunto da sociedade, via aumento da carga tributária. n

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