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Não há educação crítica sem Paulo Freire
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Editorial opinião

Não há educação crítica sem Paulo Freire

Celebrar os 100 anos do educador brasileiro Paulo Freire, neste dia 19, é rememorar a vida e a obra do homem que defendia uma educação emancipadora, humanista e libertadora. É reafirmar o compromisso de seu método com a transformação social e se inspirar com as ideias que sempre associavam educação à vida.

Negar a relevância de Paulo Freire para a educação brasileira, ignorando o revolucionário método de alfabetização, é atestar o desconhecimento sobre a própria história, sobre o despertar crítico das classes populares e sobre a educação como prática de liberdade.

O pensador pernambucano, declarado patrono da educação brasileira em 2012, é um idealizador da educação popular e das iniciativas basilares de conscientização política de um povo. A partir de uma metodologia dialógica, conectada ao dia a dia dos estudantes e às experiências que vivenciam, defendia a emancipação cultural, social e política das classes excluídas.

Por meio de concepções de mundo que asseguraram legado em diversas áreas, das artes às ciências, Paulo Freire incomodou - e, décadas depois, continua incomodando. Os setores mais conservadores se sentem desconfortáveis com suas obras que incentivam a criticidade do estudante, destacando a educação como um ato político. A ligação com o pensamento marxista e a aversão ao sistema capitalista foi entendida restritamente associada à figura de um doutrinador subversivo e difusor do comunismo.

Paulo Freire, no entanto, nunca se quis unânime e não era consenso. Preso e exilado na década de 1960, durante a Ditadura Militar, era contrário ao que chamava de "educação bancária", na qual o professor seria o dono do conhecimento e o aluno, o depositório. Era necessário, alegava, partir da vivência do aluno e do que ele conhecia. Toda essa contribuição para a valorização da educação nacional fez com que ele fosse reconhecido no mundo e considerado um dos nomes mais respeitáveis em pesquisas dedicadas à alfabetização. Não à toa recebeu mais de 40 títulos de doutor honorário, inclusive de Harvard e Oxford.

No atual cenário, em que se contesta a ciência, se nega a vacina contra uma pandemia e se refuta o uso de medidas sanitárias para conter um vírus mortífero, o legado de Paulo Freire voltou às discussões para embasar um discurso autoritário.

Que a formação crítica defendida pelo educador seja o combustível contra a "educação neutra" que inibe o potencial criativo do sujeito e controla seu pensamento e sua ação. Quanto mais se incentiva um aprendiz ativo, mais se promove a educação como instrumento de transformação social. n

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