
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Entre as tantas propostas de campanha que o presidente Jair Bolsonaro deixou pelo caminho nesses seus mil e poucos dias de governo, está a de que não usaria os bancos públicos para fazer política ou para favorecer amigos. A sua promessa era que os bancos teriam gestão livre de influências espúrias, sob a orientação técnica de Paulo Guedes e sua equipe no Ministério da Economia.
Porém, o que está acontecendo no Banco do Nordeste (BNB), é o exemplo mais próximo do cearenses de ingerência descabida em estatais, transformando-as em uma espécie de troféu, a ser disputado pelos interesses mais mesquinhos.
Esse método deletério de lidar com a coisa pública atinge também o Banco do Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal, esta por dois flancos.
De um lado, o governo usa o poder dos bancos como objeto de disputa política, como foi o caso da ameaça de desligar-se da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), para pressioná-la a não assinar um manifesto no qual se pedia mais harmonia entre os poderes da República.
De outro, surge o mau uso do banco no varejo. Sabe-se agora, segundo a revista Crusoé, que a primeira-dama Michelle Bolsonaro teria acionado diretamente o presidente da Caixa para favorecer empresas amigas na aquisição de empréstimos a juros mais baixos.
A porta giratória da presidência dos bancos estatais também não para de funcionar. O Banco do Brasil está em seu terceiro presidente; no BNDES passaram dois. O BNB, por sua vez, vai para a terceira gestão, a se levar em conta que o atual presidente, Romildo Rolim, agora novamente exonerado, sofreu um afastamento relâmpago, em 2020, sendo renomeado pouco mais de de 24 horas depois de haver sido substituído.
Pressionado pelo Centrão — o presidente do Partido Liberal (PL) pediu em vídeo a demissão de "toda" a diretoria — Rolim tem a sua segunda queda, desta vez, aparentemente sem volta. Ele declarou à coluna do jornalista Jocélio Leal, que não pretendia ficar "nesse inferno", como classificou a briga pelo poder dentro do BNB.
A queixa de Costa Neto deu-se pelo fato de o banco ter mantido o contrato com uma ONG para operar a rede de microcrédito do banco, o Instituto Nordeste Cidadania (Inec), que teria na sua composição nomes ligados ao PT. O Inec atua no BNB desde 2003, primeiro ano do mandato de Lula na Presidência da República.
Lamentável que, mais uma vez, um banco tão importante para o desenvolvimento do País, especialmente do Nordeste, seja submetido a injunções políticas. Não se conhece, durante o período de gestão de Rolim, qualquer espécie de mau uso do dinheiro público. Além disso, o BNB vinha apresentando bons resultados.
O que fica parecendo é que decisões de tamanha envergadura são tomadas no afogadilho, com o único propósito de satisfazer interesses opacos de aliados, cuja única preocupação é ampliar a presença nos espaços de poder. n
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