O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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Reportagem publicada na edição de segunda-feira deste jornal mostrou que a facção criminosa Comando Vermelho está estabelecida em 49 municípios cearenses, segundo dados colhidos pela Polícia Civil durante a operação Annulare, que visa combater o crime organizado no Estado.
Na capital, a atuação criminosa do grupo espalha-se por 55 bairros, incluindo alguns locais centrais da cidade, como Aldeota e o Benfica, espaço de encontro de jovens e estudantes. Como Fortaleza tem 121 bairros, a facção está presente em 45,5%, ou seja, em quase metade deles. No Ceará, com 184 cidades, a presença do Comando Vermelho distribui-se por 26,6% dos municípios.
Levando-se em conta que atuam no Estado quatro grupos criminosos organizados é possível avaliar a magnitude do problema, e como será difícil superar o jugo a que as facções submetem dezenas de milhares de pessoas em todo o Ceará, controlando desde pontos de drogas até o comportamento que os moradores devem seguir.
Todas facções dispõem de um grande número de membros, atuando dentro e fora dos presídios. Somente um desses grupos, criado no Ceará, teria cerca de 20 mil integrantes. Os dados são incertos, mas, sem dúvida, o crime organizado tem capacidade para mobilizar milhares de associados.
As facções criminosas começaram a atuar no Ceará há menos de 30 anos, conforme registros deste jornal. No início, as autoridades chegaram a negar o problema, mas foram confrontadas com a realidade de que um fenômeno, que havia se desenvolvido, principalmente no Rio de Janeiro, começava a espalhar-se rapidamente por todo o País. Nesse período assistiu-se a uma mudança do perfil dos crimes no Ceará, incluindo dezenas de ataques generalizados de facções contra prédios e veículos, aumento de crimes brutais e o medo produzido por guerras entre as facções.
Uma das mais recente ações do governo do Estado para enfrentar a situação foi o pedido de um empréstimo de cerca de R$ 300 milhões ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), cuja contratação foi autorizada esta semana pelo Senado, para investimento no Programa Integrado de Prevenção e Redução de Violência, com os recursos sendo destinados ao 10 municípios com maiores indicadores de criminalidade do Ceará.
À frente do projeto, a vice-governadora Izolda Cela (PDT) afirma que parte da verba será utilizada para oferecer aos jovens da periferia uma "perspectiva de vida". Para ela, "ações preventivas de combate à violência serão sempre o melhor caminho para a pacificação social".
De fato, para superar ou mesmo reduzir o problema, é necessária uma análise percuciente da situação, levando em conta, além da repressão à delinquência, projetos que observem também o entorno e o contexto social, no qual o crime encontra espaço para desenvolver-se. n
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