O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
A despeito da sabotagem presidencial, o Brasil termina o ano com inegável avanço no processo de vacinação contra a Covid-19, na esteira do qual foi possível gradualmente retomar as atividades econômicas, reabrir escolas e comércio, e frear as lamentáveis perdas de vidas, que se contam no patamar acima dos 600 mil óbitos. Se o quadro parecia inspirar algum otimismo, chegamos ao último dia de 2021 com um recrudescimento da doença. A nova variante, a ômicron, é uma enfática advertência de que o pior pode ter passado, mas a pandemia ainda é uma ameaça diante da qual não cabe relaxamento das regras de proteção sanitária.
Irresponsável, portanto, qualquer hipótese de volta às aulas no ensino superior em regime presencial dispensando-se instituições, sejam faculdades públicas ou privadas, da exigência do passaporte de vacinação, como pleiteia Jair Bolsonaro e sua equipe de ministros, notadamente o da Educação. O comprovante vacinal é hoje o principal instrumento de política pública de saúde nacional, e sua exigência, goste-se ou não, está acima de qualquer capricho ideológico ou de querela político-eleitoral.
Afinal, não é o momento de baixar a guarda, como evidencia o registro de aumento de infecções por coronavírus nas duas últimas semanas, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos, num cenário cuja gravidade deve colocar o Brasil em estado de alerta desde já. Por duas razões: diferentemente de outras nações, o país testa muito pouco, por ineficiência ou insuficiência de material. Logo, não se sabe ao certo o grau de extensão da presença da ômicron entre brasileiros. Junte-se à incidência de doenças sazonais, como a gripe, e o panorama se torna preocupante.
O lado positivo, se se pode dizer, é que, ao cabo de uma batalha desgastante entre preceitos científicos, de um lado, e negacionismo, de outro, prevaleceram a ciência, o bom-senso e o zelo pela vida. Embora sejam estridentes, os obscurantistas não puderam impor à coletividade o seu projeto de morte. É isso que fica como aprendizado para 2022.
Não fossem o empenho de gestores estaduais e municipais, a presteza do Poder Judiciário, uma sociedade civil mais organizada e ciosa de seus deveres, as instituições mais ativas e o comprometimento de servidores públicos, como os que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), a realidade talvez fosse outra que não a que se vê agora, com muitos estados completando o terceiro ciclo de vacinação, com as doses de reforço sendo antecipadas.
Se há o que comemorar em 2021, é o fato de que, malgrado as reiteradas demonstrações de insensibilidade e de desimportância com a vida, o Brasil soube responder aos desafios que se apresentaram.
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