O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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Relatório anual da Transparência Internacional, divulgado ontem, aponta que o Brasil caiu duas posições no ranking mundial de percepção da corrupção em 2021.
É mais uma derrota para o presidente Jair Bolsonaro, cuja principal promessa de campanha foi o combate a essa má prática. O tema continua recorrente em seu discurso, jactando-se ele de ter extirpado a corrupção nos seus três anos de mandato. Mas esse não é o sentimento da sociedade.
O País ficou com 38 pontos na classificação, perdendo duas posições em relação ao resultado anterior. Na escala da Transparência Internacional a nota 100 significa um país "altamente íntegro", enquanto zero representa "altamente corrupto". Com seus 38 pontos, o Brasil ficou na vergonhosa 98ª posição, em um ranking que analisa 180 países. O índice é inferior à média global, com nota 43; abaixo da média dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) mais distante ainda dos países do G20 (54 pontos) e da OCDE (66 pontos).
Algumas questões contribuíram para essa queda no ranking.
A omissão da Procuradoria Geral da República, com seu titular, Augusto Aras, ganhando o título de "novo engavetador geral", por não dar sequência às investigações que envolvem o presidente.
Sigilos de 100 anos impostos a documentos banais, como o exame de anticorpos para Covid-19 de Bolsonaro, e sobre o processo que livrou de punição o general da ativa Eduardo Pazuello, por ter participado de um ato político.
Interferências na Polícia Federal e em órgãos de controle, com o fito de proteger a família, também ajudam a explicar o retrocesso.
Essas questões, vistas isoladamente, podem ser consideradas "vitórias" do presidente, pelo fato de ter submetido as instituições à sua vontade. Porém, agora paga um alto preço político, com a perda de credibilidade, e a percepção de que, por baixo do pano, a situação continua se deteriorando.
Segundo a Transparência Internacional, o Brasil sofreu "retrocessos no arcabouço legal e institucional anticorrupção", apontando como responsáveis ações do Congresso Nacional e do Judiciário. O relatório anotou "interferências indevidas em órgãos de combate à corrupção" e citou o "orçamento secreto" entre os elementos que contribuíram para aumentar a sensação de corrupção entre os brasileiros.
O estudo mostra que o índice de 2021 representa o terceiro pior resultado da série histórica, iniciada em 1995. E que o País não fez avanços significativos no período para enfrentar a corrupção. E adverte que "o desmonte institucional e a inação do governo no combate à corrupção podem levar a notas nos próximos anos".
Segundo a Transparência Internacional, seu índice é a referência mais utilizada no mundo por tomadores de decisão dos setores público e privado para avaliação de riscos e planejamento de ações. Portanto, além do mal em si, a corrupção pode afetar gravemente os negócios internacionais do Brasil. n
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