O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
É desanimador, quando se sabe que a educação é um bem essencial à democracia e um dos pilares de desenvolvimento de qualquer país, ouvir o titular da pasta tratar o tema como mero objeto de negociações políticas espúrias.
É isso que revela um áudio, gravado em uma reunião de prefeitos — divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo —, na qual o ministro da Educação, Milton Ribeiro, expõe a forma como distribui recursos sob a responsabilidade de sua pasta
Ele esclarece, sem meias palavras, ter recebido um "pedido especial" do presidente da República, Jair Bolsonaro, para atender primeiro os municípios que mais precisam e, "em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar".
Os pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura, apesar de não terem nenhum cargo oficial, compunham uma espécie de "gabinete paralelo" no Ministério da Educação, intermediando liberação de verbas e indicando municípios que deveriam ser priorizados na distribuição dos recursos.
Segundo publicou o jornal O Globo, os dois pastores já eram apontados como "lobistas" no MEC e tinham "as portas abertas no alto escalão do governo federal". Eles se encontraram quatro vezes com o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
Na semana passada, o jornal O Estado de S. Paulo já havia divulgado a atuação irregular dos religiosos no MEC, pelo menos desde 2021. O tema ganharia ainda maior repercussão depois da divulgação dos áudios pela Folha.
Na tentativa de preservar Bolsonaro, o ministro da Educação tenta agora distorcer as suas próprias palavras dizendo que a orientação "especial" de Bolsonaro era apenas para que os pastores fossem recebidos.
Mas, caso a solicitação fosse somente essa, a recomendação do presidente seria completamente desnecessária, em vista do trânsito livre que ambos gozavam no Ministério e em outros espaços do poder.
Além disso, mais acusações começaram a aparecer, como a denúncia do prefeito de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB). Ele disse que Arilton Moura pediu-lhe R$ 15 mil antecipados para protocolar demandas da prefeitura no MEC e mais um quilo de ouro após a liberação dos recursos para o município.
De qualquer modo, as instituições começaram a se mexer rapidamente, inclusive a Procuradoria-Geral da República, que vai pedir autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar a situação. Ao mesmo tempo, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou fiscalização extraordinária em todos os convênios mantidos pelo MEC.
O mínimo que se espera em situação assim, é que, em decisão política, o ministro seja afastado de seu cargo até a conclusão das investigações. Porém, até ontem, Ribeiro continuava como titular da pasta, apesar das pressões para que deixasse o cargo. n
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