Logo O POVO+
O Auxílio Brasil e o emprego
Foto de Editorial
clique para exibir bio do colunista

O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública

Editorial opinião

O Auxílio Brasil e o emprego

Pesquisa deste jornal, conforme reportagem publicada na edição de ontem, revela que no Ceará existem mais pessoas dependentes do Auxílio Brasil do que empregados com carteira assinada.

Em fevereiro, os beneficiários do Auxílio Brasil somaram 1,299 milhão de pessoas, número 8,4% maior do que o contingente de 1,197 milhão de trabalhadores com registro em carteira, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Os números são resultado do cruzamento de dados do Ministério da Economia e o Ministério da Cidadania, mostrando que a discrepância começou em janeiro deste ano, primeiro mês de expansão dos beneficiários do programa federal que substituiu o Bolsa Família.

No Nordeste, a discrepância média entre os dependentes do Auxílio Brasil e o número de trabalhadores formais chega a 20%. Na região, apenas o estado do Rio Grande do Norte tem mais empregados formais do que famílias dependentes do auxílio governamental. Em todo o País, são 12 unidades federativas nessa situação. Todas nas regiões Norte e Nordeste. No Maranhão, a diferença chega a ser de 109%.

Esse resultado advém dos altos índices de desemprego que afetam o País, especialmente as regiões Norte e Nordeste, que não conseguem criar vagas suficientes para levar à redução do desemprego.

Os índices mostram a importância dos programas sociais de complementação de renda, pois, sem eles, o número de pessoas desamparadas, sem qualquer meio de sobrevivência, aumentaria ainda mais.

Ao mesmo tempo, é preciso construir políticas públicas que induzam o desenvolvimento econômico, de modo que as pessoas possam superar a dependência dos programas sociais lançando-se ao mercado de trabalho formal.

Já está provado que, junto com a melhoria da situação econômica, há um movimento de emancipação dos programas de renda mínima, como já mostraram estudos sobre o assunto.

Pesquisa do jornal O Estado de S.Paulo registrou que, ao completar 18 anos (outubro de 2021), 795 mil pioneiros do Bolsa Família haviam deixado o programa. O feito contraria uma das teses, levantadas à época da instituição do benefício, que o programa criaria uma legião de acomodados, que deixariam de procurar emprego por terem uma renda mínima assegurada.

Outro estudo, coordenado pelo economista Paulo Tafner para o Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), mostra que os efeitos dos programas se estendem, pelo menos, até à geração seguinte. Segundo o levantamento, cerca de 70% dos filhos dos beneficiados pelo Bolsa Família deixaram de depender do auxílio, entre os anos de 2005 a 2009.

Pode-se, portanto, concluir que uma das portas de saída mais eficientes para os beneficiários de programas de complementação de renda — independentemente do nome que tenham — é o crescimento econômico do País, com a consequente geração de empregos, que leva à emancipação dos dependentes de auxílios governamentais. n

Foto do Editorial

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?