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Editorial: um alerta sobre privatizações
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Editorial: um alerta sobre privatizações

É um equívoco completo imaginar que a privatização da Petrobras fará cair o preço da gasolina e do óleo diesel
Tipo Opinião

O aumento no preço dos combustíveis é um dos principais fatores no crescimento da inflação, que hoje causa preocupação generalizada em toda a sociedade.

Frente ao problema, o presidente Jair Bolsonaro esmera-se em eximir-se da responsabilidade, condenando em suas "lives" e discursos o lucro de R$ 44,561 bilhões obtido pela empresa no primeiro trimestre deste ano. Bolsonaro vem sugerindo que a estatal baixe sua margem de lucro como forma de fazer cair os preços do gás, da gasolina e do óleo diesel.

Mas é o acionista majoritário, no caso a União, que pode tomar tal providência. Basta que o governo decida a mudar a fórmula de cálculo de preço de paridade internacional (PPI) ou mitigar-lhe os efeitos, o que faria cair o preço do combustível.

Em vez disso, quando a alta dos preços exorbita, Bolsonaro limita-se a trocar o presidente da Petrobras, como ocorreu no fim de março, com a demissão do general Joaquim Silva e Luna, assumindo em seu lugar o economista Adriano Pires.

Agora, com novo aumento no preço do óleo diesel, a mudança foi mais radical: Bolsonaro substituiu o ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, por Adolfo Sachsida, ex-assessor especial do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Com o novo ministro, o governo parece ter encontrado uma solução mais drástica para livrar-se formalmente do problema do aumento de preços dos combustíveis: privatizar a Petrobras. Em seu primeiro discurso, Sachsida disse que vai iniciar imediatamente estudos para privatizar a Petrobras e a Pré-Sal Petróleo S.A., estatal responsável por gerir os contratos da camada pré-sal. Ele também disse que era preciso avançar na privatização da Eletrobras, fazendo questão de esclarecer que essas propostas estavam alinhadas com a decisão do presidente Bolsonaro sobre o assunto.

Se o período eleitoral é uma ótima ocasião para que os candidatos debatam o assunto, de modo a levar esclarecimentos aos verdadeiros proprietários das empresas, os brasileiros, é equivocado tomar iniciativas para a privatização a toque de caixa. Mesmo porque, corre-se o riscos de que possíveis interessados se retraiam, temendo que um próximo governo, se for diferente do atual, possa mudar as regras do jogo no decorrer do processo, pois, certamente não haverá tempo para concluí-lo até o fim do ano.

Portanto, se é acertado abrir o debate sobre o assunto, é preciso alertar que empresas de tamanho porte, de grande simbolismo para os brasileiros, não podem ter a sua existência decidida como consequência de uma idiossincrasia do presidente Bolsonaro, irritado com o elevado preço dos combustíveis.

Além do mais, é um equívoco completo imaginar que a privatização da Petrobras fará cair o preço da gasolina e do óleo diesel. 

 

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