O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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A mais nova vítima da política transformada em ódio é o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal de Brasília, autor da decisão que mandou prender o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro. Pessoas até agora não identificadas atiraram sobre seu carro fezes de animais, terra e ovos, quando ele transitava pelas ruas da capital federal. O magistrado conseguiu controlar o veículo e, felizmente, não se feriu, porém o ataque poderia ter provocado um acidente grave, com risco à integridade física do magistrado e de terceiros.
O Tribunal Regional Federal (TRF-1) informou que o juiz tem sido vítima de ameaças e ataques desde que decretou a prisão preventiva do ex-ministro, em 22 de junho. É inevitável fazer correlação entre as agressões e a decisão tomada por ele durante o processo que investiga possível corrupção no Ministério da Educação no período em que Ribeiro foi titular da pasta.
Do mesmo modo, não se pode considerar uma ação fortuita um tiro disparado contra uma vidraça do prédio que sedia a Folha de S. Paulo, atingindo justamente o quarto andar, local em que fica a redação do jornal. Poucos dias antes, outro atentado político surpreendera apoiadores do pré-candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), quando um drone espalhou um produto químico, nocivo à saúde, sobre os manifestantes, em Uberlândia. Na quinta-feira, uma bomba caseira contendo um produto de odor fétido, segundo nota oficial do PT, foi atirada e explodiu em um evento pró-Lula, no Rio de Janeiro, sem causar ferimentos graves, mas levando risco aos manifestantes.
A violência política no Brasil transformou-se em um dado da realidade, tendo muito contribuído para essa situação as atitudes do presidente da República, Jair Bolsonaro. Tanto pela sua obsessão em vincular a posse de armas a uma suposta "liberdade", quanto pelo seu discurso truculento em relação a adversários e às instituições democráticas, especialmente o Judiciário. Quando a ação de bombeiros é mais necessária do que nunca, o presidente da República atua como o principal incendiário. Isso tem ressonância em seus seguidores, o que faz prever que a violência pode escalar mais ainda.
Para piorar, o problema dissemina-se por vários países do mundo, com a ascensão do populismo de extrema direita, cujo projeto é desmoralizar a política e as instituições para sufocar a democracia. O que aconteceu nos Estados Unidos, com a invasão do Capitólio, é exemplar desse modus operandi que pretende substituir o sistema democrático por uma versão autoritária de poder.
O assassinato do ex-primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, baleado quando estava em um evento eleitoral, é mais um alerta para o Brasil. Por aqui, a situação vai exigir das autoridades muito sangue frio e tranquilidade, porém firmeza, para conter a violência e manter a estabilidade democrática. n
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