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Menina Benigna, a primeira beata cearense
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Menina Benigna, a primeira beata cearense

O dia 24 de outubro ficará marcado para sempre na história da cidade de Santana do Cariri, na região, e em todo o Ceará. Nesse dia, em cerimônia com a presença do cardeal Leonardo Steiner, representando o papa Francisco, foi beatificada Benigna Cardoso da Silva, a Menina Benigna. A celebração foi realizada no dia de seu martírio, reunindo mais de 20 mil pessoas no Parque de Exposição, no Crato, sede da Diocese.

Benigna, torna-se a primeira Beata cearense, abrindo caminho para a sua santificação. A partir de sua nomeação como beata ela pode, oficialmente, ser cultuada publicamente no País, o que devotos já faziam espontaneamente, como ocorre com os muitos "santos populares", eleitos pelo próprio povo, sendo o mais conhecido deles o Padre Cícero.

Durante a cerimônia, o cardeal Steiner, arcebispo de Manaus, leu a carta apostólica assinada pelo papa, acolhendo o pedido dos bispos para declarar bem-aventurada a Menina Benigna, estabelecendo o dia 24 de outubro como data de sua memória litúrgica.

Com 13 anos de idade, em 1941, Benigna foi assassinada a golpes de facão, defendendo-se de uma tentativa de estupro. Após esse bárbaro crime, ela passou a ser venerada como mártir na região do Cariri. Para a Igreja ela é uma "heroína da castidade", um símbolo da resistência à violência sexual e do combate ao feminicídio, apesar de o termo ainda não existir em sua época.

Esse aspecto foi destacado por dom Leonardo Steiner em sua homilia na missa de beatificação, presidida por ele. O arcebispo disse que Benigna é "um ícone na defesa das crianças, que não podem ser abusadas, nem as mulheres". A "mártir virgem", afirmou o cardeal, "é uma defensora da dignidade das mulheres".

Dom Steiner também lembrou do Padre Cícero, cujo processo de beatificação está em curso no Vaticano. "Nossa menina abrirá o caminho de padre Cícero. Talvez fosse necessário a inocência precedesse e indicasse a santidade do padre Cícero".

Em depoimento ao jornal Vatican News, o padre Wesley Barros, coordenador da Comissão Diocesana para Beatificação, recordou os 12 anos de trabalho até conclusão do processo, que resultou no título de beata a Benigna Cardoso da Silva. Ele destaca que, antes mesmo de a comissão iniciar o processo formal, "o povo de Deus já a havia assumido (a causa) em seu coração, com piedade e devoção". Para ele, a beatificação enche os fiéis de "alegria e esperança", servindo o testemunho de Benigna como elemento impulsionador da ação evangelizadora da Igreja Diocesana.

Depois da cerimônia de beatificação, o padre Wesley diz que vai iniciar imediatamente o processo para a canonização de Menina Benigna. Que seja ela, oficialmente, a primeira santa cearense, virtude que já desfruta no coração dos fiéis. n

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