O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Reportagem publicada na edição de ontem neste jornal expôs a decisão da Enel, multinacional italiana que distribui energia elétrica para os 184 municípios do Ceará, de vender a empresa, que atende mais de quatro milhões de consumidores no Estado. Segundo o plano estratégico da companhia, a venda deverá concretizar-se entre 2023 e 2024.
No entanto, esse não é um movimento isolado da Enel, que atua também no Rio de Janeiro e em São Paulo. A empresa já vendeu termelétrica no Pecém e também a concessão de distribuição de energia em Goiás.
A venda da Enel para a Equatorial Energia S.A. foi anunciada pelo próprio governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que reclamava dos péssimos serviços oferecidos pela concessionária. Segundo publicou o portal de informações do governo goiano, "a negociação foi finalizada nesta madrugada (23/9/2022), em um movimento da Enel para evitar a caducidade (cancelamento) do contrato em razão do descumprimento, pelo segundo ano consecutivo, das metas de melhoria dos serviços acordadas com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)".
A Coelce, antiga estatal de energia elétrica do Ceará, foi privatizada em 1998, no governo de Tasso Jereissati, vendida para o consórcio Distriluz, formado por empresas do Chile e Espanha, iniciando um período de conflito com os consumidores, devido ao mau atendimento, e do aumento de mortes de funcionários da companhia em acidentes de trabalho. Na sequência, veio a italiana Endesa, que resolveu unificar o nome de suas operadoras sob a marca Enel Brasil.
Quanto ao atendimento, os consumidores da Enel no Ceará também estão mal servidos, pois a companhia está nos últimos lugares do ranking de desempenho entre as grandes empresas distribuidoras, no período de janeiro a dezembro de 2021, conforme estudo elaborado pela Aneel. Entre as 29 concessionárias de grande porte (mais de 400 mil unidades consumidoras) a Enel, fica em 25º lugar.
A classificação das concessionárias do setor elétrico é elaborada com base no Desempenho Global de Continuidade (DGC), formado a partir da comparação dos valores apurados pela média do tempo que os consumidores ficaram sem energia (DEC) e a frequência das interrupções (FEC). A Enel Ceará ficou em 25º lugar, com 0,97 ponto no DGC. As três concessionárias mais bem colocadas foram a Cosern, do Rio Grande do Norte (0,48); ETO, do Tocantins (0.56) e EPB, da Paraíba (0.60). Quanto menor o DCG, melhor a avaliação da empresa.
Ao O POVO, o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos dos Usuários do Serviço Público da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), Flávio Aragão, disse que, caso o processo de venda dos ativos avance, a concessionária precisa manter a estabilidade dos serviços para garantir a continuidade do fornecimento de energia aos consumidores.
Isso é o mínimo que se poderia exigir, o que já não vem acontecendo de forma adequada, como se pode ver pelo ranking da Aneel. O que se espera é que a situação não piore, no momento momento em que a Enel se prepara para deixar de operar no Ceará. n
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.