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Situação das universidades é "insustentável"
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Situação das universidades é "insustentável"

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A Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC) reagiu com uma nota oficial, manifestando "apreensão" com o bloqueio orçamentário do Ministério da Educação (MEC), informando que a medida vai afetar o limite de pagamento das despesas discricionárias — aquelas que fazem a instituição funcionar no dia dia a dia — neste mês dezembro. O documento lista as atividades e serviços que ficarão "inviabilizados" com o corte: "os pagamentos de bolsas acadêmicas, contratos de transporte, aquisição de passagens áreas e de insumos para atividades acadêmicas e administrativas, dentre outros itens de custeio e investimento".

A situação se apresenta como gravíssima pois o brutal corte de recursos atingiu todas as universidades e institutos federais do País, chegando ao total de R$ 220 milhões. A exemplo da UFC, as demais instituições de ensino federais terão de suprimir serviços, atrasar pagamentos e suspender atividades essenciais, devido ao corte de recursos por parte do MEC. São mais de 200 mil pesquisadores da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), alunos de mestrado, doutorado e pós-doutorado, que ficarão sem pagamento; cerca de 14 mil residentes de hospitais universitários também deixarão de receber e serviços terceirizados, como limpeza e segurança serão afetados.

O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcus Vinicius David, disse que a crise nas universidades vai se aprofundar ainda mais. "A situação que já era bastante preocupante, agora se torna insustentável".

Para a reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão Moura, o cenário também se apresenta como insustentável, com o que concordam outros dirigentes de instituições de ensino. Em nota, a Reitoria da UnB disse repudiar "a herança calamitosa na educação, ciência e tecnologia que o governo federal parece ter decidido deixar para o seu sucessor". Na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o reitor Alfredo Gomes classificou a situação como "caótica". 

Os cortes de verbas tornaram-se constantes durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro, cuja administração caracterizou-se pela má gestão dos recursos. E, como se observa, os bloqueios não poupam nem mesmo áreas essenciais, deixando desassistidos segmentos como educação e saúde, prejudicando milhões de brasileiros, principalmente os mais vulneráveis.

Economistas que analisaram o orçamento do próximo ano classificaram o documento como "peça de ficção", devido aos remendos utilizados para fechar as contas artificialmente, portanto o aperto continuará no próximo ano. A aprovação da PEC da Transição, que ainda tramita no Congresso, poderá aliviar um pouco o impacto das dificuldades, a serem herdadas pelo governo eleito, que tomará posse no dia 1º de janeiro de 2023. n

 

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