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A volta de Bolsonaro
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Editorial opinião

A volta de Bolsonaro

Depois de deixar o País sem passar a faixa presidencial ao seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou ontem ao Brasil, após ter morado por três meses em uma pequena cidade nas proximidades de Orlando, no estado norte-americano da Flórida. Bolsonaro queria uma chegada apoteótica, com desfile em carro aberto, mas foi contido pelas medidas de segurança adotadas pelo governo do Distrito Federal, o que lhe provocou profundo desagrado. O ex-presidente usou uma saída secundária para sair do aeroporto e nem mesmo encontrou-se com simpatizantes, que o esperavam no saguão,
frustrando apoiadores.

Em seu primeiro discurso em solo pátrio, destacou o papel do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, chamando-o de "nosso chefe", enfatizando a "tremenda responsabilidade" que ele teria na conjuntura atual. Aproveitou também para elogiar os EUA como "o Estado brasileiro que deu certo".

Bolsonaro será nomeado presidente de honra do PL e receberá salário pago pelo partido. Porém, até então, não está claro que papel desempenhará na oposição ao governo Lula. O próprio ex-presidente já disse, em declaração à CNN, que não pretende ser líder dos opositores. Segundo ele, não haveria necessidade de confrontar o governo, que estaria fazendo "oposição por si", devido a uma suposta má qualificação dos titulares dos ministérios. "Não vou liderar nenhuma oposição. Vou participar com meu partido, como uma pessoa experiente, 28 anos de Câmara, quatro de presidente, dois de vereador e 15 de Exército, para colaborar com o que eles desejarem, como a gente pode se apresentar para manter o que tiver de ser mantido e mudar o que tiver de ser mudado", disse o ex-presidente.

Mas a pergunta que os aliados de Bolsonaro devem estar fazendo é se ele — que praticamente dividiu ao meio os votos com Lula — não quiser liderar a oposição, quem poderá fazê-lo em nome do PL?

O fato é que talvez o próprio Bolsonaro esteja reconhecendo que ele pode ser um grande agitador político, mas lhe faltam estofo e vocação para exercer o papel aglutinador que se exige de um líder para unificar uma grande oposição ao governo. Para tanto, é preciso paciência, diálogo, disposição para negociar, acomodar interesses, aplainar vaidades e engolir alguns sapos, um perfil que não se encaixa no ex-presidente. Assim, o mais provável é que Bolsonaro continue falando para o setor mais radicalizado de seus seguidores.

Isso pode ser bom ou ruim para o governo atual. Se Lula conseguir fazer com que a economia deslanche, os assuntos que costumam mobilizar o bolsonarismo, como o armamentismo, o conservadorismo e a pauta de costumes, terão papel secundário. Entretanto, se a economia desandar, provavelmente esses temas ganharão destaque.

Assim, a tarefa urgente do governo será convencer os céticos que o chamado "novo arcabouço fiscal" vai funcionar e destravar as votações no Congresso Nacional. Não será tarefa fácil. n

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