O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
É um dos desafios colocados para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na sua volta ao cargo, refazer caminhos para recolocar o Brasil na comunidade internacional com o protagonismo que sempre teve. A excelência do nosso quadro diplomático é reconhecida mundo afora e não tem a ver com aspectos ideológicos de um governo de ocasião, ao contrário, mantendo uma linha de atuação muito bem definida e que trabalha sempre com a ideia de prevalência da paz entre os países.
Faz muito sentido, assim, que a China esteja na linha de prioridades da nova estratégia internacional brasileira. Mais ainda, que um esforço extraordinário tenha sido feito com o sentido de garantir que a primeira visita do presidente Lula ao país em seu novo mandato acontecesse já agora, acelerando os processos de reorganização de uma conversa que estava com o fluxo prejudicado por uma incompreensível atitude de hostilização gratuita ao importante parceiro comercial, patrocinada pelo governo brasileiro anterior, que era liderado por Jair Bolsonaro.
O objetivo de superar os tempos de pária cumprem-se com a viagem, que também estendeu-se até os Emirados Árabes Unidos, onde uma estadia de algumas horas permitiu a celebração de acordos, um dos quais prevê investimentos de R$ 12 bilhões em refinaria localizada na Bahia adquirida recentemente pelo governo liderado pelo xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan, com quem Lula esteve.
A passagem pela China, que durou três dias, deixa um saldo muito mais expressivo. No total, foram 15 acordos assinados e uma previsão de investimentos no Brasil na casa dos R$ 50 bilhões. O valor é expressivo, mas, repita-se, o mais importante da programação é o que ela possibilita de recuperação de espaços perdidos por uma desastrosa política observada entre os anos de 2019 e 2022. O Itamaraty, com toda capacidade que tinha e tem, pouco poderia fazer diante das circunstâncias.
Pena, voltando a falar da visita à China e aos Emirados Árabes, que os números e cifras expressivas da circulada internacional do dirigente brasileiro tenham, de alguma forma, sido ofuscados por declarações do próprio presidente Lula que pareceram fora do tom. Por exemplo, ao fazer uma menção negativa, meio descontextualizada e inoportuna, aos Estados Unidos quando falava da necessidade de se desenvolver mais esforços no sentido de levar os governos da Ucrânia e da Rússia a abrirem um espaço de conversa que tenha como pauta o fim da guerra que
travam desde fevereiro de 2022, há mais de um ano, portanto.
A paz precisa mesmo ser buscada com mais ênfase. Talvez o governo norte-americano deva mesmo receber algumas críticas pela falta aparente de vontade de alimentar conversas pelo armistício, mas, não cabe ao presidente da República apresentá-las. Muito menos da forma que o fez. O momento é de deixar que a competência da nossa diplomacia encaminhe o sentimento brasileiro com os cuidados que a situação requer. O melhor papel que Lula cumpre, nesse contexto, é respaldá-la,
muitas vezes com o silêncio. n
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