Logo O POVO+
A agressão ao ministro
Foto de Editorial
clique para exibir bio do colunista

O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública

Editorial opinião

A agressão ao ministro

O esclarecimento do que aconteceu no aeroporto de Roma na noite da última sexta-feira deve ser de interesse de todos os democratas do Brasil, independente do lado no qual estejam na disputa ideológica interminável em que parece estar envolvido o País. O que se sabe, até agora, é que um representante da mais alta corte da nossa justiça, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, foi alvo de um conjunto de ofensas verbais que partiu de um grupo de pessoas já devidamente identificadas e sob investigação da Polícia Federal.

O episódio, a depender do que vier a indicar o aprofundamento da apuração policial, pode confirmar algo mais grave, até: um filho do ministro teria sido agredido fisicamente por um dos participantes do protesto. O que mais precisaria acontecer?

O que temos visto já vai além do que um ambiente democrático sadio permite entender como normal num contexto em que uma parcela expressiva da população reage insatisfeita a um resultado eleitoral que lhe tenha sido desfavorável. É o que pode ter acontecido ano passado na disputa pela presidência do Brasil diante da vitória apertada de Luiz Inácio Lula da Silva sobre Jair Bolsonaro, com diferença de apenas 1,8 ponto percentual entre a votação de um e de outro.

É possível dizer, portanto, que até se pode entender como justificável uma parte da tensão e do inconformismo que ainda resiste. Especialmente, como é o caso, quando o derrotado Bolsonaro estimula seguidores a manterem o sentimento de resistência à aceitação do resultado, através de ações e declarações pós-eleições que apontam uma fantasiosa fraude ou mantendo um silêncio quase irresponsável nas horas mais graves e tensas. Como agora, neste episódio, em que o ex-presidente da República, mais uma vez opta por manter distância do debate, como se nada tivesse a ver com tudo, enquanto vozes de representações diversas manifestam solidariedade ao ministro e exigem esclarecimentos e responsabilizações pelo que aconteceu. Pelo menos quanto a esta última parte, o líder político que baliza as ações de um grupo que ainda acredita na violência, verbal e física, como caminho para expressar suas simpatias políticas, poderia fazer algum gesto pessoal.

Os detalhes do triste acontecimento na capital italiana, acreditamos, serão esclarecidos pela Polícia Federal, que inclusive já começou sua apuração e ouviu um dos acusados, o empresário Alex Zanatta, prevendo-se para hoje os depoimentos dos sogros dele - Roberto Mantovani Filho e Andrea. Como resultado final esperamos que as punições venham, até como forma de inibir ações futuras do mesmo tipo, que buscam pela força fazer prevalecer uma posição e uma ideologia. Ou, considerando que os acusados de serem agressores negam os acontecimentos em suas declarações públicas, que o barulho criado em torno da situação também leve quem o criou a responder por tudo. n

Foto do Editorial

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?