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Sem homofobia: futebol combina com respeito
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Editorial opinião

Sem homofobia: futebol combina com respeito

A homofobia está presente nos esportes de várias formas, e aqui principalmente no futebol, pela maior repercussão da modalidade no País
Tipo Opinião

É preciso encontrar soluções para o problema, que é antigo, e que, por isso mesmo, deve ser combatido com agilidade e a urgência que o assunto demanda. A homofobia está presente nos esportes de várias formas, e aqui principalmente no futebol, pela maior repercussão da modalidade no País. Seja no tratamento com os atletas e com os árbitros, seja nas aparentes ingênuas discussões entre as torcidas, os termos pejorativos dominam o vocabulário e adentram o campo do desrespeito.

Se, há algumas décadas, ofensas e demais palavras homofóbicas eram constantes e passavam ao largo da preocupação da maioria, hoje não cabe mais. O nível de conscientização da sociedade chegou a um patamar que não corrobora com a aceitação da homofobia - e nunca deveria ter concordado, é verdade. No entanto, a apatia que tomou conta da atenção ao tema acabou chegando a proporções grandiosas, tanto que hoje os cantos de disputa entre as torcidas têm como mote a homofobia. É chamando o torcedor rival de homossexual - com termos chulos - que a torcida despeja sua raiva e vocifera sua angústia com o time. Não é para ser assim.

A questão atinge todo o futebol brasileiro. Porém, no âmbito estadual, parece já haver uma preocupação a fim de amainar o imbróglio. No fim do mês de agosto, por exemplo, uma torcida organizada do Fortaleza Esporte Clube proferiu gritos homofóbicos contra o Coritiba, em partida realizada no Estádio Presidente Vargas (PV), na capital cearense, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro. As falas preconceituosas ocorreram pelo menos cinco vezes ao longo do jogo e foram puxadas pela Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), em provocação ao time rival Ceará. "Ceará gay" era o que falavam os torcedores durante a partida. O time do Ceará já foi julgado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e multado em R$ 40 mil por cânticos homofóbicos de parte da torcida.

O jogo entre Corinthians e São Paulo, em maio deste ano, foi suspenso, no decorrer da partida por causa da homofobia que vinha das arquibancadas. Aos 10 minutos do segundo tempo, o árbitro paralisou o jogo até que os gritos cessassem.

É certo que as diretorias dos clubes se manifestam contrárias ao desrespeito e clamam a torcida para suspender esses atos. Campanhas de esclarecimento, no entanto, precisam ser mais constantes e diretas, sem preocupação tanta com a imagem e o marketing do clube e mais com a cidadania e os direitos humanos de toda uma sociedade - da qual os torcedores fazem parte.

Enquanto a atenção focar em fatos pontuais, esporádicos, o cenário pouco se alterará. Continuaremos assistindo a episódios lamentáveis que transformam o futebol em um festival contrário à garantia dos direitos humanos. A partida deve continuar sendo festa, alegria, decepção de vez em quando, emoções expressas sempre. Mas com desrespeito, nunca. 

 

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