Mesmo com toda a campanha dos negacionistas do clima, que teimam em não aceitar a verdade inconveniente de que o aquecimento global é uma realidade irreversível, é cada vez maior o número de pessoas que tomam consciência de que medidas urgentes precisam ser implementadas para evitar um desastre maior do que já vem ocorrendo em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil.

Reportagem publicada na edição de ontem neste jornal reproduz dados da pesquisa Natureza e Cidades: a Relação dos Brasileiros com a Mudança Climática, mostrando que oito em cada dez pessoas ouvidas estão preocupadas com as alterações do clima.

Outros 71% dos brasileiros observam que os eventos climáticos extremos estão se tornando frequentes e intensos, com 64% sentindo medo de chuvas fortes e temporais, fazendo ligação dos fenômenos com o aquecimento do planeta.

O estudo foi realizado pela Fundação Grupo Boticário, com apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e outras entidades, e será divulgado na conferência mundial do clima, a COP-28, que será realizada em Dubai, entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma delegação brasileira estão em visita a países do Oriente Médio e estarão nos Emirados Árabes Unidos, onde participarão do evento.

A pesquisa é importante por demonstrar que há entendimento disseminado entre a população de que as alterações do clima são provocadas pelas atividades humanas, sendo que os governos e instituições multilaterais têm de agir com mais rapidez e rigor para evitar que a situação chegue a um ponto de não retorno.

A COP-28 fará um balanço das metas que cada país estabeleceu para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, sendo que o Brasil tem o compromisso de zerar a emissões líquidas neutras até 2050.

Ainda sem local definido para a realização, a COP 29 terá como tema central a definição de um novo patamar para financiar as ações climáticas. Por isso, Lula vai propor na conferência deste ano a criação de um fundo para preservar as florestas "em pé", segundo disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

O presidente vem insistindo para que os países ricos aumentem a disponibilidade de verbas para proteger esses recursos naturais, que absorvem cerca de 1/3 do CO2, o gás carbônico, produzido pela queima de combustível fóssil, principal responsável pelo
efeito estufa.

A conferência do clima realiza-se anualmente, e a COP-30, em 2025, será no Brasil, na cidade de Belém, região da floresta amazônica. Assim, o evento dará a oportunidade a representantes de governos de todo o mundo a terem interação direta com esse bioma. E também será o momento de os países apresentarem novas metas para reduzir a emissão de gases que provocam o aquecimento anormal do planeta.

Deter o aquecimento global é uma tarefa hercúlea, que somente será possível realizá-la, com a compreensão, o esforço e a união de todos os povos do mundo. n