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8 de janeiro: nada de retroceder contra o golpismo
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Editorial opinião

8 de janeiro: nada de retroceder contra o golpismo

Este ato de primeiro aniversário é importante para que o 8 de janeiro seja lembrado. Transformar um episódio vergonhoso em exemplo para não esquecermos como nossa democracia pode ficar ameaçada quando não se tem respeito às instituições que a constituem
Tipo Opinião

Nesta segunda-feira completa-se um ano dos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes - Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF) - foram invadidas e depredadas em Brasília.

Uma semana após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o grupo de golpistas, insatisfeitos com o legítimo resultado das urnas, levou às últimas consequências a violência extremista numa infame tentativa de solapar a democracia brasileira.

A intentona golpista de 8 de janeiro foi um ataque vil e direto ao coração da República, executado por falsos "patriotas" sem qualquer apreço à democracia e ao papel constitucional de suas instituições.

As principais lideranças da República agiram prontamente para evitar o pior e demonstraram firmeza e coesão para enfrentar o golpismo. Embora com o histórico recente de disputas entre si, os Três Poderes tiveram a percepção de que era necessário um discurso convergente contra qualquer aventura antidemocrática.

E em certa medida, assim seguiu nos 12 meses posteriores. O STF julgou e condenou 30 dos réus ligados ao 8 de janeiro. O inquérito dos atos golpistas em curso na Corte precisa ter seguimento. Quanto aos demais acusados, caso seja provada participação, estímulo ou financiamento aos ataques, devem ser devidamente punidos.

As ameaças ao regime democrático não evaporaram em apenas um ano. Elas costumam aproveitar as brechas que instituições eventualmente enfraquecidas de uma República podem deixar.

É indispensável ainda que o Governo Federal e o Congresso se mantenham vigilantes para agir ou legislar por medidas que fortaleçam a democracia e coíbam qualquer nova tentativa de ataque.

Será realizado nesta segunda-feira um ato em Brasília com participação dos principais representantes dos Três Poderes. A despeito de eventuais discordâncias políticas, os 27 governadores convidados também deveriam estar presentes. Todos eles. Como um posicionamento uníssono do Estado federativo brasileiro, independentemente de qualquer disputa partidária.

Este ato de primeiro aniversário é importante para que o 8 de janeiro seja lembrado. Transformar um episódio vergonhoso em exemplo para não esquecermos como nossa democracia pode ficar ameaçada quando não se tem respeito às instituições que a constituem.

Há um ano, O POVO - que ontem completou 96 anos de constante defesa da democracia - escrevia em editorial de capa que esta mesma democracia não dormiria tranquila enquanto as instituições não cumprissem seu dever e que a História não perdoaria os omissos.

Esta Casa que caminha para o centenário não arreda pé dessas bandeiras. Não é tempo de fechar os olhos para o que passou, nem de deixar o tempo esmaecer as memórias das ameaças à democracia a ponto de subestimá-las.

 

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