O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
"Este não foi o primeiro incêndio no Parque do Cocó e, infelizmente, não será o último, se providências não forem tomadas." Assim terminava o editorial do O POVO no dia 19/11/2021, após, mais uma vez, o fogo ter-se espalhado por diversos locais do parque, atingindo 46 hectares, destruindo a vegetação e matando animais.
A propósito, o editorial de três anos atrás, que apontava as falhas na vigilância e a ausência de medidas de controle para preservar o Cocó, poderia hoje ser reproduzido praticamente na íntegra. Pois, como indica mais um incêndio ocorrido na data de ontem, as condições que propiciam as queimadas continuam existindo.
Na ocasião do incêndio que precedeu este, o então governador Camilo Santana (PT) postou em uma rede social o seguinte: "O Cocó é um patrimônio ambiental do nosso estado e tem que ser preservado. Determinei apuração rigorosa sobre as causas do incêndio". Por sua vez, o governador atual, Elmano de Freitas (PT), fez um "copia e cola" da mensagem de seu antecessor, publicando, também em uma rede social, suas primeiras impressões a respeito do novo sinistro: "O Cocó é um patrimônio ambiental do nosso Ceará e tem que ser preservado. Determinei apuração rigorosa sobre as causas do incêndio".
O fato é que são frequentes os incêndios no Parque do Cocó, mas somente causam impacto quando atingem grandes proporções, como de ontem, que queimou área de quatro hectares, espalhando uma cortina de fumaça por diversos bairros, mesmo os mais distantes do local do fogo, como a Barra do Ceará.
Considerando-se que, a cada vez, existe a promessa de uma "apuração rigorosa" para chegar às causas do desastre para combatê-las, é de se perguntar quais foram as providências tomadas? É certo que se deve levar em consideração a extensão do parque, que alcança 1.500 hectares, englobando, além de Fortaleza, os municípios de Pacatuba, Itaitinga e Maracanaú, mas a maioria dos incêndios concentra-se em áreas urbanas da capital, que deveriam demandar mais cuidados. A cada incêndio são incalculáveis as perdas relativas à flora e à fauna, que
são irrecuperáveis.
A demarcação do Parque do Cocó em 2017, na gestão de Artur Bruno na Secretaria do Meio Ambiente, durante o governo de Camilo Santana, foi uma vitória dos ambientalistas e de todos os cearenses. No entanto, a demarcação foi a primeira etapa de um plano com várias metas a serem cumpridas, de modo a preservar essa riqueza ecológica. Essa é uma tarefa que precisa ir além de demonstrações de autoridade e palavras esvaziadas de sentido, a cada incêndio que atinge o parque, afora a sua deterioração cotidiana.
Maior parque natural em área urbana do Norte do Nordeste, e o quarto em extensão da América Latina, o Cocó merece melhores cuidados. n
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