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Investigação agrava situação de Bolsonaro
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Editorial opinião

Investigação agrava situação de Bolsonaro

A Polícia Federal (PF) fez ontem mais uma operação de busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com a medida judicial atingindo ainda mais de duas dezenas de investigados, alguns deles aliados próximos, como o presidente do PL ,Valdemar da Costa Neto, e generais e outros oficiais de alta patente. Foram presos Filipe Martins e o coronel Marcelo Câmara — ambos ex-assessores de Bolsonaro — e outros dois militares. Costa Neto também foi detido, durante a busca em sua casa, pela posse irregular de uma arma de fogo, que enseja a prisão em flagrante.

O ex-presidente não poderá manter contato com os demais investigados, seu passaporte foi recolhido e está proibido de sair do País. As novas evidências agravam a situação de Bolsonaro no processo. Especialmente uma reunião ministerial, em julho de 2022, a qual "nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista no âmbito da alta cúpula do governo", segundo escreveu o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a investigação.

Além disso, foi divulgado que a Polícia Federal apreendeu um documento, na sala que Bolsonaro ocupa na sede do PL, em Brasília, com uma espécie de roteiro de um discurso justificando a decretação de um estado de sítio. A carta não está assinada, mas contém expressão muito utilizada pelo ex-presidente, uma atuação, supostamente, dentro das "quatro linhas" da Constituição.

O objetivo da operação Tempus Veritatis (hora da verdade) é investigar uma organização criminosa por tentativa de aplicar um "golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito", segundo a PF. Como as tratativas para impedir a eleição e a posse de Luiz Inácio Lula da Silva foram frustradas, a movimentação culminou com a invasão e depredação da sede dos três poderes, no dia 8 de janeiro do ano passado.

Até agora as investigações haviam chegado apenas aos golpistas subalternos — muitos deles já punidos com a prisão —, que foram usados como massa de manobra por quem, efetivamente, conspirava contra a democracia. Com essa nova operação, chega-se aos possíveis líderes do movimento. Segundo a PF, um grupo que se dividiu "em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital".

De fato, as investigações precisavam avançar, como estão avançando, para chegar aos cabeças do movimento golpista. Alcançando-se os responsáveis, a punição deve ser severa, pela intolerável investida contra o Estado Democrático de Direito. No entanto, a gravidade da situação não deve obliterar os cuidados a serem observados na condução do caso, como o respeito ao devido processo legal e o amplo direito ao contraditório, de modo a tornar incontestável o veredito da Justiça. n

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