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Fuga põe em xeque penitenciárias federais
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Editorial opinião

Fuga põe em xeque penitenciárias federais

A fuga de dois detentos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) surpreendeu a todos — pois é uma unidade considerada de "segurança máxima" —, abrindo uma crise logo após Ricardo Lewandowski ter assumido o Ministério da Justiça e Segurança Pública. São cinco presídios federais nessa categoria, além do localizado no Rio Grande do Norte, os outros estão em Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Brasília (DF).

A penitenciária que fica em Mossoró foi inaugurada em 2009 e tem capacidade para 208 presos. O sistema foi criado em 2006, no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o objetivo de combater o crime organizado, separando líderes criminosos e de alta periculosidade de outros prisioneiros. E, também, como forma de impedir que continuassem a emitir ordens aos comparsas de dentro das prisões.

O fato é que a inédita fuga em Mossoró tensionou o governo, que já é criticado por, supostamente, dar pouca atenção à segurança pública, e por não ter iniciado um projeto para a área, um dos temas que monopoliza o debate político, afeta a sociedade, e que estará em evidência nas próximas eleições. Some-se ainda o agravante de o acontecido ter-se dado no momento em que Lewandowski tomava pé da situação de seu ministério, pois sua posse deu-se no dia
1.º de fevereiro.

Além disso, contrariando o que recomendam os especialistas em gerenciamento de crises, que mandam apagar o incêndio rapidamente, Lewandowski demorou 24 horas para convidar jornalistas a uma entrevista coletiva para dar esclarecimentos. Mas é de se reconhecer que, mesmo sem aparecer no primeiro momento, ele agiu com presteza, destituindo a direção do presídio, nomeando um interventor, e tomando outras providências.

De positivo, liste-se ainda que, respeitando a sua origem, as explicações do ministro evitaram o tom "político", reconhecendo as responsabilidade da pasta, expondo as fragilidades do sistema, como a obsolescência de seus equipamentos, e falhas que possibilitaram a fuga em Mossoró. O ministro anunciou a implementação de reconhecimento facial em todos os cárceres, melhoria dos alarmes e a contratação de 80 novos policiais penais já aprovados em concurso. Afirmou também que iniciará licitações para a construção de muralhas em todas as unidades.

Apesar da fuga, considerada "eventual" pelo ministro, ele garantiu que os presídios federais "são absolutamente seguros" e que o sistema é confiável. Por via das dúvidas, mandou reforçar o protocolo de segurança, com suspensão temporária de banhos de sol e de visitas em todas as cadeias.

Melhorar a segurança nas unidades prisionais sob a sua responsabilidade tornou-se um dos desafios do ministro Lewandowski e, considerando-se a situação da segurança pública no País, talvez nem seja o principal. n

 

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