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As facções e o risco de infiltração no poder local
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As facções e o risco de infiltração no poder local

A reportagem de ontem do O POVO, "Duas chacinas e um total de 22 homicídios num só dia no Ceará", mostra que as autoridades têm de apresentar alguma proposta mais eficaz para reduzir a violência que se entende de pelo território cearenses. Uma grande sensação de insegurança atinge todos os segmentos da sociedade, na capital e no interior.

Amplas áreas urbanas, e até mesmo pequenos distritos, distantes de grandes centros, são hoje controladas por facções criminosas. Esses grupos impõem sua lei com métodos truculentos e resolvem suas diferenças à bala, deixando um rastro de mortes. Moradores das periferias ficam submetidos a esses criminosos, devem-lhes obediência, e têm o seu direito de ir e vir restringido, pois são impedidos de transitar em território "inimigo", sem ter quem lhes socorra.

No mais recente caso, antes do ora comentado, uma facção impôs uma espécie de toque de recolher no Pirambu, obrigando comerciantes a cerrarem as portas, depois de um líder criminoso do bairro ter sido morto pela polícia, na cidade do Rio de Janeiro.

No sábado (17/2), a selvageria deu um pico com 22 homicídios, somando os crimes acontecidos em Fortaleza e cidades do interior: Pacajus, Guaiúba, Caucaia, Pindoretama, Canindé, Itarema, Aracoiaba, Boa Viagem, Acopiara e Juazeiro do Norte. Foi o dia com mais assassinatos no Ceará, desde 2020, quando 25 pessoas foram mortas. Uma das chacinas, com quatro mortos, aconteceu na cidade de Aracoiaba, com pouco mais de 26 mil habitantes, em uma localidade rural. Entre os assassinados estava o secretário municipal de Obras Públicas e Mobilidade Urbana, Kennedy Guedes.

Ainda é preciso investigar se houve motivos políticos na eliminação do secretário, mas a possibilidade não pode ser descartada. Se houver confirmação, configura-se um novo patamar de criminalidade. Veja-se que o jornal O Estado de S. Paulo trouxe reportagem, em sua edição de ontem, com o título "PCC e CV se infiltram no poder local para capturar contratos milionários das prefeituras". De acordo com o jornal, "a ação dos criminosos foi detectada em investigações de São Paulo, Rio, Bahia, e Ceará", entre outros estados.

Segundo a publicação paulista, para as facções, "o que está em jogo é a oportunidade de obter novos lucros e lavar o dinheiro do tráfico de drogas em atividades lícitas". Por isso, o apoio a candidatos a vereadores e a prefeitos seria mais importante do que eleger deputados e senadores".

É mais um alerta que o governo do Ceará precisa levar em conta. Se hoje territórios estão sob controle criminoso, o novo risco é que se instalem dentro do aparelho do Estado, para corrompê-lo, uma situação que depois de iniciada, será difícil evitar a sua consolidação. Por isso, é preciso agir rapidamente, e com eficiência, para destruir esses grupos criminosos. n

 

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