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Uma jovem corajosa contra a agressão sexual
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Editorial opinião

Uma jovem corajosa contra a agressão sexual

A importunação sexual sofrida pela nutricionista Larissa Duarte, de 25 anos, em um prédio comercial de Fortaleza, mostra que está longe de ser exagero afirmar que não existe ambiente seguro para uma mulher. Na rua, no trabalho ou mesmo em casa, principalmente, elas podem ser atingidas por algum tipo de violência: agressões verbais, importunação, assédio, ataques físicos, chegando ao feminicídio. É um horror continuado, comprovado por centenas de estudos e pesquisas que tratam do tema.

No caso de Larissa, ela tomou o elevador do prédio onde trabalha para dirigir-se à garagem do edifício. No momento em que saía, um empresário tocou-lhe deliberadamente as nádegas. Quando ela tentou reagir, ele fechou a porta do elevador e fugiu. O sentimento de impunidade do homem que praticou esse ato era tamanha, que ele nem considerou que o prédio mantém câmeras em todos os setores de uso público.

Larissa não se intimidou, divulgou em uma rede social a violência sofrida por ela, e abriu um boletim de ocorrência. A Polícia Civil do Ceará investiga o caso. O abusador pode ser enquadrado no crime de importunação sexual, que indica pena de três anos a cinco anos de prisão, se a Justiça julgá-lo culpado pelo crime.

Por meio de seus advogados, ela divulgou uma nota na qual escreve: "Ressalto que, em nome de tantas outras mulheres que são, diariamente, vítimas de situações como essas, não quero (e nem vou) deixar essa situação impune! Por isso, todas as medidas judiciais (cíveis e criminais) já estão sendo tomadas para que esse indivíduo não fique impune e que, consequentemente, seja feita justiça!"

Muitas mulheres preferem esconder quando são vítimas de importunação, assédio ou outros tipos de violência, por vergonha, medo ou temor que desconfiem de seus relatos, ou por uma mistura de todos esses sentimentos. Por isso é importante a demonstração de coragem dessa jovem, atacada de modo covarde, ao procurar punir o importunador sexual, nos termos da lei. Ela mostra que o caminho correto é não deixar impunes esses criminosos, e que a vergonha nunca deve ser um sentimento da vítima.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, houve aumento de casos de assédio sexual, importunação sexual, perseguição, violência psicológica e divulgação de cenas sexuais na internet sem consentimento. Em 2022, foram registrados 6.114 casos de assédio sexual; em 2021 esse número foi de 5.202. Quanto à importunação sexual, foram 27.530 notificações em 2022; com 19.996 no ano anterior. Mas a quantidade de agressões é bem maior, pois há subnotificação.

Infelizmente, essa jovem fortalezense passa a fazer parte da estatística dos crimes sexuais, que aumentam no Brasil. Mas que seu caso seja mais do que um número, tornando-se um poderoso alerta de que situações assim não podem passar impunes, e que seus perpetradores têm de ser punidos, com o máximo rigor que a lei permite. n

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