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180 anos de Padre Cícero, o santo popular
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180 anos de Padre Cícero, o santo popular

A Região do Cariri está em festa. Na celebração dos 180 anos de nascimento do Padre Cícero, os municípios caririenses festejam aquele que é patriarca de Juazeiro do Norte e santo popular. Fiéis e pesquisadores da história de Padre Cícero têm se unido, desde a semana passada, em celebrações religiosas, exposições, debates e demais eventos para marcar a data.

O Servo de Deus, assim considerado pela Igreja desde 2022, quando foi anunciada a reabertura do processo de sua beatificação, é uma figura simbólica e representativa do Ceará. Aliás, a devoção ao "Padim Ciço" não se restringe ao Estado - por mais que as comemorações estejam bem intensas na região. As romarias rumo ao Cariri, durante todo o ano, congregam fiéis de vários estados, os quais, alcançados por uma crença há muito ligada à cultura popular, pedem curas e milagres por intercessão de Padre Cícero e depois voltam para agradecer. É um movimento impressionante que consegue levar tanta gente devota a homenagens ao santo popular.

A missão de Padre Cícero, no entanto, vai além da parte religiosa, embora essa seja uma das principais razões para ele ser tão querido e respeitado pelo povo. Com a vida voltada a ajudar os pobres e os romeiros, o sacerdote também exerceu funções políticas e sociais. O seu papel se alia ao desenvolvimento das cidades do Cariri, principalmente de Juazeiro do Norte, da qual ele foi o primeiro prefeito e onde morreu em 20 de julho de 1934, e do Crato, onde ele nasceu, em 24 de março de 1844.

Ao pastorear uma comunidade pequena e humilde, incentivou a geração de renda por meio do comércio, impulsionando a economia da cidade. Admirador do artesanato, é tido como um importante incentivador do crescimento de Juazeiro do Norte.

A partir da polêmica com o "Milagre da Hóstia de Juazeiro", a Igreja Católica rompeu ligações com o padre. A reconciliação é recente e atende ao clamor de um povo que já o santifica. Pela história, o "Milagre da Hóstia do Juazeiro" foi um fenômeno sobrenatural ocorrido em Juazeiro do Norte em 1889. De acordo com os relatos, muitas eucaristias administradas por Padre Cícero à Beata Maria de Araújo se transformaram em sangue, que era guardado em lenços pelo sacerdote, na crença de que seria o sangue de Cristo. O fenômeno teria ocorrido 47 vezes, em dias da Quaresma, período que antecede a Páscoa, conforme a fé católica.

O caso, por óbvio, teve repercussão à época e é considerado polêmico na Igreja. A região se tornou local de peregrinação, mas muitos questionaram a veracidade do fenômeno. Sem explicação natural para o que ocorrera, Padre Cícero teve suas ordens sacerdotais suspensas, o que não impediu que sua popularidade crescesse e a fé em sua intercessão aumentasse, já em vida.

É certo que a história de Padre Cícero não se encerrou com sua morte. Nem se finda 180 anos após seu nascimento. A devoção àquele que defendia os mais necessitados e exercia com humildade as suas funções pastorais catalisa a força para que um dia o mundo veja sua imagem nos altares da Igreja, pois nos altares domésticos ela está há muito tempo. Viva Padre Cícero! n

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