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Faixas para ônibus: atenção para não retroceder
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Editorial opinião

Faixas para ônibus: atenção para não retroceder

Um projeto de lei, que tramita atualmente na Câmara Municipal de Fortaleza, prevê a redução do horário de funcionamento das faixas
Tipo Opinião

Era meados dos anos 2010 quando Fortaleza passou a ter a implantação mais intensa de faixas exclusivas para transporte coletivo. Eram 3,3 km em 2013, depois 116,1 km em 2021 e 121 km em 2025. A promessa era de aumentar a velocidade deste modal em até 40% - chegou a 200% - tornando as viagens mais rápidas e atrativas.

Um projeto de indicação do vereador Benigno Júnior (Republicanos), que tramita atualmente na Câmara Municipal de Fortaleza, prevê a redução do horário de funcionamento das faixas.

Em entrevista ao O POVO, o prefeito Evandro Leitão (PT) afirmou que a Prefeitura também avalia mudanças na operação, mas que os horários de pico estariam preservados. A liberação do corredor para outros veículos poderia, conforme ele, acontecer entre 9 horas e 11h30min e 14h30min e 17 horas. O gestor garantiu ainda que a possível alteração "não é nenhuma proposta de absolutamente nenhum segmento".

Os corredores exclusivos para ônibus, um dia também chamados de BRT (Bus Rapid Transit - sigla em inglês de Trânsito Rápido de Ônibus), foram implementados em diferentes pontos de Fortaleza. No início, mês após mês, a Prefeitura inaugurava um trecho do corredor em alguma das avenidas mais movimentadas da Cidade.

De acordo com especialistas, quando o transporte coletivo é interessante, atrativo e eficiente, o indivíduo tende a escolhê-lo, em detrimento de um transporte individual. Opção seria mais barata, rápida e sustentável.

Em qualquer grande cidade, não priorizar modais não poluentes e coletivos, que transportem dezenas de pessoas ao invés de uma ou duas, significa adensamento no trânsito. Refletido em engarrafamento, menos qualidade de vida e mais poluição atmosférica.

A tentativa de atrair mais pessoas ao sistema de transporte da Capital não teve excelentes resultados. Também em entrevista ao O POVO, o prefeito Evandro destacou a queda no número de usuários. Em maio de 2024, O POVO já havia mostrado a redução de viagens em mais da metade das linhas de ônibus de Fortaleza.

Qualquer mudança na área de mobilidade urbana precisa ser bem discutida, tecnicamente pautada e ter como principal objetivo o benefício da maioria dos usuários do sistema de transporte e suas estruturas. Considerando as prioridades, vulnerabilidades e demandas.

Estratégias para um melhor trânsito são difíceis de implementar, de fazer parte da cultura habitual de condutores e passageiros. É preciso atenção redobrada para não correr o risco de dar passos para trás no compartilhamento mais justo e eficiente do espaço urbano.  

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