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Uma trégua na guerra comercial
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Editorial opinião

Uma trégua na guerra comercial

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad disse que o Brasil não vai escolher relações econômicas e políticas com a China ou Estados Unidos, mas buscar relações sólidas com ambos, pois o presidente Lula acredita no multilateralismo

A China e os Estados Unidos chegaram a um acordo para reduzir as tarifas, depois que a elevação atingiu níveis inéditos. É um acerto ainda temporário, mas suficiente para uma resposta positiva dos mercados em todo o mundo, ao abrir a perspectiva de encerrar uma guerra comercial, iniciada pelo presidente americano Donald Trump, tornando-se a principal preocupação de governantes de todo o mundo, devido ao seu potencial destrutivo.

Pelo que ficou acertado entre negociadores dos dois países, reunidos em Genebra, os Estados Unidos vão reduzir de 145% para 30% as tarifas adicionais sobre os produtos chineses; Pequim, por sua vez, vai baixar as taxas de importação de 125% para 10%. O acordo é provisório, com duração de 90 dias, quando novamente os dois países voltarão a se encontrar para dar continuidade às negociações.

É o início de conversas bilaterais que podem avançar para um acordo definitivo mais amplo, afastando o temor de uma escalada, com desdobramentos negativos para todas as nações, inclusive para os Estados Unidos. No entanto, o que se teme é a imprevisibilidade de Trump, que pode pôr tudo a perder com seu comportamento errático.

Mas o fato é que Trump estava encurralado pela reação negativa dos mercados; pressionado dentro do próprio país por empresários — que dependem de importações chinesas —; questionado por parlamentares e governadores de vários estados, além de movimentos populares que começam a se organizar. Essas foram as causas de seu recuo, ainda que ele nunca admitirá que sua tática de impor um tarifaço ao mundo está fazendo água.

Trump também foi obrigado a evitar bravatas, pois os chineses avisaram estar abertos ao diálogo, mas pediram "respeito" antes das negociações.

Portanto, o importante agora é continuar mantendo as crianças fora da sala — Trump e seu círculo íntimo — para que os adultos possam chegar a um denominador comum daqui a três meses.

Quanto ao Brasil, o governo faz bem ao ficar longe desse tiroteio, demonstrando que a China e os Estados Unidos são parceiros comerciais importantes. O maior símbolo dessa política pragmática é que, pouco antes da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país asiático, seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteve nos Estados Unidos apresentando a executivos de tecnologia a política brasileira de atração de data centers.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deu o tom do comportamento brasileiro quanto às relações internacionais. Em entrevista ao canal Uol, ele disse que o Brasil não pretende escolher ou privilegiar relações econômicas e políticas com a China ou Estados Unidos, mas sim buscar relações sólidas e cada vez mais amplas com ambos os parceiros, pois o presidente Lula acredita no multilateralismo.

Frente à conjuntura que se apresenta, sem dúvida, esse é o caminho correto para a diplomacia brasileira.

 

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