
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O Atlas da Violência 2025, organizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), traz uma informação que parece contraditória, vista a crescente sensação de insegurança que acomete os brasileiros. Divulgado esta semana, o documento registrou 45.747 homicídios em 2023, ante 57.396 em 2013, queda de 20,3%. Se a violência diminui, a sensação de insegurança não deveria acompanhar a tendência?
Considerando-se as unidades federativas, as menores taxas de homicídios por 100 mil habitantes estão nos estados do Sul, e também em São Paulo, Distrito Federal e Minas Gerais. Os maiores índices estão nas regiões Norte e Nordeste. Porém, no Ceará, a queda foi de 33,1% no período.
É de se lembrar que, mesmo com a redução, o número absoluto de mortes violentas é chocante, resultando em um índice inaceitável de mais de 20 crimes letais intencionais por 100 mil habitantes. A média dos países do G20 é de 5,8. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa acima de 10 homicídios/100 mil habitantes é considerada epidêmica.
Mas é de se observar também que a redução dos crimes letais é consistente, não podendo ser atribuída a causas conjunturais. Seria então que o trabalho dos governos e das polícias promoveram a redução?
Algumas explicações para a queda da violência constam do relatório produzido pelo FBSP/Ipea. Entre elas, o envelhecimento da população, que atinge mais o Sul e Sudeste do País; trégua entre as duas maiores facções criminosas; além de uma "revolução invisível" nas políticas de segurança pública.
Segundo o entendimento dos organizadores da pesquisa, o planejamento e o foco no resultado das políticas de segurança pública também deram a sua contribuição, usando com mais intensidade a inteligência e as ações de prevenção social.
Essas medidas estariam substituindo a antiga política baseada unicamente no policiamento ostensivo. O resultado é que foram observadas redução sistemática de homicídios, há mais de sete anos consecutivos, em 11 das 27 unidades federativas.
A par de algumas medidas corretas, como melhorar a atuação das polícias, permanece uma situação preocupante. O relatório mostra que os negros enfrentam risco 2,7 vezes maior de serem vítimas de homicídio do que uma pessoa branca. Essa situação persiste a cada pesquisa divulgada, sem que se apresente uma perspectiva de mudança.
Quanto à sensação de insegurança, citada no primeiro parágrafo, parte, sem dúvida, por ser atribuída às redes sociais, com a circulação maciça de cenas de violência, brigas e mortes, estimulando o medo. Ao mesmo tempo, é preciso reconhecer que, apesar da redução, o índice de violência letal no Brasil continua assustadoramente alto.
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