
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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O desmatamento diminuiu no Brasil pelo segundo ano consecutivo. Ainda assim, entre 2019 e 2024, foi destruída uma área de vegetação nativa equivalente ao território da Coreia do Sul. Os dados são da Rede MapBiomas — iniciativa colaborativa que reúne universidades, ONGs e empresas de tecnologia — e foram divulgados na última quinta-feira, 15.
Ao todo, a redução do desmatamento no território nacional foi de 32,4%. Em 2023, a queda havia sido de 11,6%. O cenário estancou uma sangria iniciada desde antes do começo do monitoramento da Rede MapBiomas, em 2019, que constatou aumento na desflorestação em 2020, 2021 e 2022 — ano em que se atingiu o pico de 2.114.611 hectares de área atingida. A título de comparação, essa área desmatada em apenas um ano corresponde aproximadamente à extensão territorial de países como El Salvador ou Eslovênia.
A redução consecutiva ocorre nos dois primeiros anos do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que retornou ao poder com um discurso crítico à gestão ambiental de seu antecessor, Jair Bolsonaro. A análise dos anos anteriores é fundamental, pois o avanço percentual se baseia na comparação direta entre períodos consecutivos. Mesmo após dois anos de queda, a área desmatada em 2024 ainda é ligeiramente superior à de 2019. Houve, portanto, uma desaceleração do impacto ambiental das atividades humanas, o que pode indicar, no máximo, o início de um processo de reversão de um cenário devastador.
Por mais significativo que seja o avanço, é importante destacar que a gestão anterior adotou um discurso negacionista em relação às mudanças climáticas, além de ter desarticulado órgãos de proteção ambiental e incentivado atividades como o garimpo ilegal. Assim, em 2022 houve recordes em praticamente todos os indicadores de destruição do meio ambiente.
O dado mais alentador é que, pela primeira vez, a Rede MapBiomas não registrou aumento no desmatamento em nenhum dos seis biomas brasileiros. O resultado mais expressivo foi na Amazônia, que, em 2022, registrou sozinha 1.250.000 hectares de área desmatada. Sob a fiscalização do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, comandado pela ambientalista Marina Silva, esses números caíram para 450 mil hectares em 2023 e 380 mil no ano passado. Ainda assim, trata-se de uma média de sete árvores derrubadas por segundo.
O Cerrado, especialmente na região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), manteve-se, pelo segundo ano consecutivo, como o bioma mais desmatado. Foram 652 mil hectares de vegetação destruídos — o que representa 52% do total registrado. Paralelamente, a Mata Atlântica apresentou estabilidade nos indicadores, com um aumento de 2%, causado, principalmente, pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. Ressalte-se, porém, que eventos climáticos extremos tendem a se tornar mais frequentes diante do avanço das mudanças climáticas.
O segundo ano consecutivo de avanço é um sinal positivo. No entanto, os dados reforçam a urgência de ações eficazes de proteção ao meio ambiente. Os recursos naturais são finitos, e a preservação da fauna e da flora brasileiras não pode ser postergada em nome de uma busca desenfreada por desenvolvimento econômico.
A riqueza do Brasil está nas florestas, nos animais e em seu povo.
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