
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
A intromissão do governo dos Estados Unidos nos assuntos internos de outros países parece não ter limites. Depois da ameaça de anexar o Canadá e de "comprar" a Groenlândia — território autônomo pertencente à Dinamarca —, a brutal "diplomacia" de Donald Trump volta-se contra o Brasil.
O secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou, em audiência na Câmara dos Deputados americana, que seu país estuda a possibilidade de aplicar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes poderia ser impedido de entrar nos EUA e ter ativos financeiros congelados, caso mantenha contas bancárias nos Estados Unidos.
Durante a sessão, um deputado republicano acusou o STF de "perseguir a oposição, incluindo jornalistas e cidadãos comuns", e estaria em curso a "iminente a prisão politicamente motivada" do ex-presidente Jair Bolsonaro.
É claro que os trumpistas desconsideram que Bolsonaro é réu sob a acusação de crimes graves, como tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, entre outros delitos. Porém, como é próprio de um país democrático, ele tem assegurado o devido processo legal e o amplo direito de defesa.
No entendimento americano, as decisões de Moraes repercutem sobre pessoas que vivem nos Estados Unidos, por isso, ele estaria sujeito à Lei Magnitsky. Essa legislação foi criada para punir estrangeiros envolvidos em violações graves de direitos humanos e corrupção. Inicialmente, alcançava apenas a Rússia, mas depois foi ampliada para incluir todos os países do mundo.
Frente a isso, torna-se necessária uma resposta vigorosa e conjunta dos três poderes da República — Executivo, Legislativo e Judiciário —, rechaçando as ilações apresentadas pelas autoridades americanas. É preciso deixar claro aos EUA que o Brasil não aceita ofensas à sua soberania, exigindo respeito à institucionalidade brasileira. Washington está contratando uma crise diplomática com o Brasil, pois nenhum país soberano deixaria de dar uma resposta dura a tal intromissão em sua política interna.
A campanha contra o Brasil é comandada diretamente dos Estados Unidos pelo deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, que se une a setores da extrema direita americana para atacar o Brasil. O bolsonarismo espera obter dividendos políticos se o governo americano aplicar sanções a Moraes, agradando principalmente os setores mais radicalizados do movimento.
No entanto, o mais provável é que aconteça o efeito rebote, com segmentos moderados da direita assumindo a defesa do país, o que fortaleceria a posição do governo. Além disso, o mais provável é que a maioria da sociedade veja com antipatia uma campanha que visa atacar a soberania brasileira. n
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