
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
A operação conjunta de autoridades da segurança pública do Rio de Janeiro e do Ceará, que levou à descoberta de um banker em favela carioca que escondia criminosos originários de nosso Estado, representa um exemplo de como é importante que se intensifique a integração entre as forças das diversas unidades para que o poder público cumpra sua missão de defender a sociedade. Especialmente, como é o caso, tratando-se do combate a organizações que a cada dia se mostram mais ousadas e desafiadoras.
Deve-se perguntar porque os governos, neste caso incluída também a instância federal, demoram tanto em suas respostas. Claro que há um tempo diferente, já que tudo precisa ser feito de acordo com a lei, mas há espaço para melhorar a agilidade e garantir um tempo de reação mais rápido.
É injustificável, por exemplo, que uma mansão seja construída numa área marcada pela pobreza, ocupando uma área imensa, e a inteligência policial tenha demorado tanto em detectar o absurdo. Há tecnologia suficiente, hoje, para permitir que o monitoramento se dê à distância, sem a necessidade de um olheiro físico alimentando as estruturas públicas a partir de informações de campo.
As polícias fluminense e cearense informam que o imóvel seria de propriedade de Anastácia Paiva Pereira, chefe do tráfico de drogas em Santa Quitéria, a 222 km de Fortaleza. Agredia o ambiente local, cercada de pobreza e carência, aquela mansão com piscina, deck panorâmico e uma academia moderníssima, repleta de equipamentos de última geração.
Como tudo aquilo se ergueu e se manteve de pé por tanto tempo sem que os responsáveis da área de segurança se dessem conta? Seria de imaginar que houvesse, como mínimo, uma atitude de desconfiança. Protegidos naquele esconderijo tão pouco escondido, segundo nos informam agora representantes da polícia e Ministério Público dos dois estados envolvidos na operação, os líderes de facção ordenaram, dali, um número expressivo de execuções aqui no Ceará.
É um golpe contra as organizações criminosas, não há dúvida, mesmo que sem uma grande prisão de efeito midiático, até por considerar o número assustadoramente expressivo de armas apreendidas - quatro fuzis, duas pistolas, um revólver, um fuzil de airsoft, além de muita munição e drogas, segundo a divulgação oficial. Nas circunstâncias em que nos encontramos toda vitória deve ser comemorada, desde que com a devida consciência de que há ainda muito por fazer em nome de uma vida tranquila para todos os cidadãos, brasileiros e cearenses.
O episódio, para além do que oferece aos dois governos estaduais diretamente envolvidos, expõe a necessidade de termos um sistema integrado de inteligência que permita uma ação de resposta mais rápida. Pergunta-se, considerado o número de comando de assassinatos que a polícia informa ter partido dos líderes abrigados na Rocinha, quantas vidas poderiam ser poupadas caso o desmonte do bunker tivesse acontecido antes? n
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