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A violência política na Colômbia
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Editorial opinião

A violência política na Colômbia

O episódio de violência na Colômbia, sábado passado, quando um pré-candidato à presidência foi alvo de um atentado e até agora luta pela sua sobrevivência, merece uma reflexão que vá além dos limites determinados pela geografia. Trata-se de algo que diz respeito, no seu sentido trágico e na perspectiva de localizar suas causas, à vivência de um momento delicado que a política experimenta em seu âmbito global e, infelizmente, que também diz respeito à realidade atual do Brasil.

A Colômbia tem um histórico de episódios violentos no seu conturbado cenário político que, de certa forma, até ajudam a explicar o que aconteceu com Miguel Uribe Turbay, jovem senador de direita que circulava pelo país apresentando-se como uma das alternativas de oposição ao governo de Gustavo Petro, ideologicamente posicionado mais à esquerda. A própria vítima deste caso recente chorou, no passado, a perda de sua mãe, a jornalista Diana Turbay, tragicamente morta numa situação confusa que envolvia o cartel de drogas comandado pelo notório Pablo escolar num momento em que os traficantes disputavam o controle do Estado com o próprio governo. No caso, falamos dos anos 1990.

A ação de agora assumida por um garoto de 15 anos, que atirou contra a vítima durante ato em bairro popular da capital, Bogotá, vai enriquecer uma estatística colombiana macabra que acumula muitas mortes vinculadas a disputas eleitorais. Há registro de pelo menos cinco assassinatos de pré-candidatos ou candidatos ao longo da história.

É um cenário agravado pela polarização que hoje marca a atividade política mundial, em muitas situações transformando adversários em inimigos. Diferenças políticas e ideológicas acabam gerando desavenças pessoais e um quadro que termina alimentado pelo ódio mútuo em boa parte dos casos.

Claro que seria irresponsabilidade, quanto à necessidade de entender se há razões por trás do gesto e se ele atende outros interesses, apontar responsáveis pelo atentado além do garoto, detido e já entregue às autoridades. É fundamental que o mandante de uma ação que parecia ter como objetivo tirar do cenário o jovem senador, de apenas 39 anos, caso exista, seja identificado, e preso, claro, como forma de acalmar os espíritos no vizinho e simpático país sul-americano.

A sociedade, no plano global, precisa reencontrar o caminho da racionalidade no processo de disputa pelo poder. É isso que a democracia prevê e permite, através dos instrumentos institucionais que disponibiliza para que a sociedade assuma o controle das decisões sobre quem deve governá-la, através do voto.

Não faz sentido que a violência, em pleno ano de 2025, seja vista como alternativa de conquista de um governo ou como meio para impedir que um adversário o alcance. Por enquanto, resta-nos cobrar de quem dirige a Colômbia um esforço absoluto para esclarecer o que aconteceu, É a única resposta que se aceita para a crise imensa que se abriu diante dele. n

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