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É preciso reduzir a fila de transplantes
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Editorial opinião

É preciso reduzir a fila de transplantes

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Exige explicação mais convincente o dado que aponta um aumento expressivo na quantidade de gente à espera de um transplante pediátrico no Ceará. Falamos, portanto, de crianças e adolescentes que, em muitos casos, precisam de uma intervenção do tipo para lidarem com quadros críticos de saúde. É de perspectiva de vida que estamos falando.

O ano de 2024 fechou com 24 crianças na fila, o que representa um salto em relação aos 10 que compunham a lista no exercício anterior contabilizado. É o controle oficial exposto no Relatório Brasileiro de Transplantes (RBT) que aponta a preocupante situação, ou seja, ninguém apareça com argumento de que se trata de uma fumaça eleitoral, coisa de oposição ou algo que valha. A estatística oficial indica o quadro preocupante e que exige uma ação do governo.

A saúde, deve-se admitir, concentra uma boa parte dos desafios que enfrentam, em seu cotidiano marcado por carências, os gestores públicos brasileiros, de todas as instâncias. O volume de demandas nunca parece alcançável pelos programas e os recursos disponibilizados pelos governos. Aliás, um dos argumentos oficiais utilizados como justificativa para o aumento na fila de transplantes tenta apontá-lo como efeito do sucesso da política desenvolvida no Ceará.

É o que explicaria o fato de 70% dos casos registrados em 2024, quanto à fila de espera, dizerem respeito a transplantes de rim. A questão é que o sistema do Ceará contempla a cirurgia, quando vários outros estados a excluem de suas possibilidades. Pacientes de fora, portanto, ajudariam a alimentar os nossos dados, de alguma forma inflando-os.

O que acontece, e isso precisa ser considerado, é que qualquer tentativa de explicar o quadro pelo aspecto da procura, de alguma forma buscando responsabilizá-la, não atende à expectativa de quem espera das autoridades que elas sejam capazes de apresentar soluções. O modelo do sistema brasileiro, inclusive, deveria absorver melhor as situações para evitar que políticas diferentes entre estados gerem distorções como a que parece estar representada no caso.

De outra parte, aponta-se a queda no número de doadores de órgãos como um dos fatores determinantes do aumento expressivo na fila. Um dado da RTB indica que 41% das pessoas consultadas no ano passado optaram por recusar a iniciativa, sob alegativas as mais diversas. Por razões religiosas ou culturais, fragilidade emocional diante da perda de um ente querido e até a simples vontade de preservar o corpo por inteiro.

É um quadro complexo, que envolve problemas de várias naturezas e que somente uma política pública de caráter integrado pode ser capaz de levar ao encaminhamento de soluções que devolvam a confiança à sociedade num gesto que, de caráter humano, oferece a perspectiva de proteger melhor a vida de nossas crianças e adolescentes. n

 

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