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Os 115 anos do Theatro José de Alencar
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Os 115 anos do Theatro José de Alencar

O mundo era outro, Fortaleza sequer apontava para a metrópole dos dias atuais, com as dores e as delícias que isso representa, mas, ao autorizar o início das obras do Theatro José de Alencar, no distante ano de 1906, Nogueira Accioly, governador da época, nunca poderia imaginar que o equipamento se transformaria no que é hoje, com tudo de riqueza que tem de acumulado e do que ainda parece capaz de oferecer à cultura da nossa cidade e do Estado do Ceará. Mesmo assim, parecia saber, já ali, que algo de transformador envolvia aquele gesto e aquele momento.

De fato, como ele vaticinou, o equipamento que nasceria de sua ação administrativa seria capaz de colocar Fortaleza no roteiro das grandes temporadas teatrais do País, a partir de sua inauguração oficial em 1910. Passamos a dispor de um espaço apto ao recebimento dos maiores espetáculos, do acolhimento aos artistas dos níveis mais altos de qualificação, enfim, nos lançávamos a um patamar novo numa disputa onde a estrutura oferecida surge como elemento decisivo para o desfecho positivo de muitas conversas.

Fortaleza, a partir do José de Alencar, entrou no radar dos grandes espetáculos e, mais do que isso, passou a dispor de um fator de atração para as grandes estrelas das artes cênicas brasileiras terem interesse de nos inserir nas suas temporadas. Estabelecera-se uma admiração de mão dupla, onde muitos deles queriam conhecer a obra arquitetônica e as razões dela ser motivo de tanto orgulho, até hoje, para o fortalezense, com suas colunas de ferro, fachadas ornamentadas e vitrais que, num conceito arrojado dos responsáveis por ela, harmonizam passado, presente e futuro.

Claro que não é uma trajetória linear, marcada apenas pelos momentos bons. O que parece até natural dentro de um contexto no qual a cultura, em geral, nunca costuma fazer parte das prioridades verdadeiras dos governos em nosso País, consideradas todas as esferas. Ou seja, os altos e baixos que o teatro tem experimentado parecem consequência natural de um poder público que, no seu sentido histórico, olha com pouca atenção áreas nas quais o que prevalece de verdade é o sentimento de pertencimento das pessoas, algo que nem sempre é traduzível no voto que todo político busca de maneira quase obsessiva.

O importante, no entanto, é que o velho e centenário Theatro José de Alencar chega ao seu ano 115 pleno no respeito da classe à qual serve e da sociedade onde se encontra estabelecido como um dos seus principais endereços de cultura. O principal, certamente, no entendimento justo de muitos. Um momento de festa que devemos comemorar, mas que também precisa levar a uma reflexão coletiva sobre o que há acumulado de vivência, entre avanços e retrocessos, na perspectiva de vislumbrar a atenção que nos exige o desafio permanente de garantir vida longa, talvez eterna, para um equipamento que tem prestado um inestimável serviço à população do Ceará. n

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